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Mostrando postagens de outubro, 2014

Derivações

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A reversibilidade, a impermanência, sempre criam separações e exatamente neste processo é que se realiza a honestidade, a desonestidade, a coerência e a incoerência. Posicionados e flutuantes, criamos quimeras, construímos artefatos, que resumem situações e processos. Ao perder de vista estas transposições, perdemos discernimentos; ao não entender, não perceber estas construções, lamentamos ou nos agarramos em seus resíduos, frequentemente ruínas que exibem tentativas e até mesmo outros referenciais de comunicação. Nietzsche escreveu, em 1873, sobre verdade e mentira no sentido extra-moral: “O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu o que são, metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que

Esgotamento

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Acuado por todo um processo de sobrevivência aniquiladora e frustrante, o indivíduo se agarra em qualquer apoio, desde que isto signifique sobrevivência, signifique dissimulação necessária para se sentir considerado, adequado, não importa em que parâmetros. Os julgamentos não são feitos em função de verdades, mentiras, honestidade, desonestidade, ao contrário, as conclusões são sempre no sentido do que o deixa bem, com necessidades satisfeitas ou encobrindo carências e falhas vivenciais fragmentadamente expostas. Todo este deslocamento realizado em função da sobrevivência, cria hábitos, marcas, fisionomias, configurações definidoras. É o vício, o que anda sozinho, no automático, sem questionamento ou busca de discernimento dos determinantes das atitudes. O vício é o que identifica. Seja o hábito viciante, seja o conforto da carta marcada que vence o jogo, seja a imagem construída para esconder não aceitações, a  identidade estruturada pelo vício  é definidora do vazio, isto é, de

Malabarismos

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Todos que lidam com a fé, o medo, os desejos e frustrações, sabem como enviesar ângulos para criar distorções responsáveis pelo estabelecimento de confiança, certezas e crenças em relação a mediadores de situações a atingir; agem como prestidigitadores, mágicos para exercer sedução e enganos. Fazer tudo convergir para o que se percebe ser o desejo do outro é uma das maneiras mais eficazes de criar novas configurações responsáveis por inseguranças, tanto quanto, por certezas enganadoras. Distorcer, às vezes, cria ilusões responsáveis por enganos, que viram certezas, verdades inquestionáveis. Neste universo são costuradas mentiras e fabricadas lendas à salvo de qualquer teste verificador/esvaziador; não importa o que é, mas sim, o que se pensa ser, tanto quanto, pouco significa estar enganando ou iludido, o que vale é sonhar, ter esperança - um dos pilares onde malabarismos e trapaças se desenvolvem. Dos heróis nacionais aos apoiadores individuais, da proliferação de religiões

Regras e modas

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Sentir-se bem por estar dentro dos parâmetros, regras e modas vigentes, é uma maneira de se sentir aceito e satisfeito. Exatamente por isto, a questão da aparência é bastante importante, tanto quanto, o consenso demonstrado pela aceitação do grupo. A insegurança, a convicção de ter coisas a esconder, o medo de ter problemas expostos, cria regras e demandas para o disfarce. Conseguir ser aceito pela aparência, pelo que se demonstra e exibe ser, é uma vivência aderente, que não estrutura autonomia, pois resulta sempre do esforço para manipular, agradar e se inserir nas faixas modais de frequência e sintonia expressas por demandas circunstanciais. Manter-se dentro das normas aceitáveis cria adequação, ajuste, assim como medo, fingimento e incerteza. Se por um lado, determina modos de coexistência, por outro, estabelece despistes e mentiras fraudadoras do relacionamento, da comunicação com o outro. Em sistemas, sociedades, situações, onde o esperado é o cumprimento de regras

O acaso

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O acaso pode ser, às vezes, reconfigurador de situações. Tudo que está neutralizado por tensões iguais e constantes é facilmente desequilibrado, modificado. Ser motivado pelo novo, pelo inesperado é um exemplo de acaso como reconfigurador de situações. Acontecimentos súbitos podem desarticular o anteriormente estabelecido: acidentes, mortes trágicas e imprevistas subvertem o existente ao criar novos contextos. Da mesma maneira, encontros inopinados, paixões arrebatam, descontextualizam, transformam situações estáveis, gerando mudanças dinamizadoras ou estagnadoras. A superação do existente frequentemente gera conflitos, que se transformam em obstáculos, tanto quanto em dispersores do novo. Motivação e aversão criam soluções e resistências determinantes de novos comportamentos. No desenvolvimento das relações, atinge-se pontos imobilizadores ou transformadores. Deparar-se com casualidades, perceber o novo, impõe mudança de atitude, entretanto, essa reconfiguração pode negar co