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Mostrando postagens de setembro, 2018

Seguir é se perder

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As militâncias são informes, apesar de densas. É a clássica manada. É o seguir sem saber o quê, apenas garantindo o lugar que lhe é destinado. A melhor maneira de negar processos, mudanças e evidências é valorizando seguidores. Segue-se o que está sendo seguido, que por sua vez segue o outro seguido. O que resulta, o que acontece é a expressão da contradição, mas precisa ser catapultado à nova ordem. Em todas as esferas, da individual à social, isso é uma evidência, entretanto, quase sempre é obscura, ambígua, a evidência não é percebida, pois muitas variáveis, inúmeras situações se interpenetram. É a confusão, o não discernimento, a descontinuidade. É exatamente nesse momento da descontinuidade que as lideranças manipulam, levando sempre a discriminar e assim polarizar a multidão que é cega, pois a ela compete andar, seguir. Transformar questões qualitativas - evidências, constatações - em dados, em polarizantes, em formas de angariar adeptos, é o que vem sendo feit

Proselitismo

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Os prosélitos, os que foram atraídos e recém convertidos para religiões, partidos, seitas ou doutrinas são também os neófitos, ou ainda, os arrebanhados por catequeses e acenos de vantagens propiciadoras de poder ou de bem-estar. Quem mais arrebanha e aumenta suas fileiras é aquele que constrói poder, que ganha força para deliberar, rejeitar e aceitar. Lutar e catequizar são maneiras de conseguir prosélitos, fanáticos, militância aguerrida para manter suas conquistas de poder, trabalho, dinheiro ou vida eterna, a felicidade no reino dos céus. A acomodação, o se apegar às tábuas de salvação, identifica e ampara os prosélitos. Não podem perder o conquistado, não podem deixar o reino de Deus ser ameaçado (amaldiçoado); partem, então, para criminalizar, destruir, matar o que ameaça, o que já foi conseguido; nada pode desacomodar o que foi conquistado. Acomodação é um dos mais perigosos sinais de alienação. É por meio dela que o outro é destruído: “ imigrantes vão tirar nosso con

Mutilações e realizações (BIID)

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Os processos da alienação, da não aceitação do próprio corpo robotizam em relação ao mesmo, atingindo dimensões incomensuráveis e espantosas. Outro dia, lendo, fui surpreendida pelo conhecimento da Body Integrity Identity Disorder (BIID) , Transtorno de Identidade de Integridade Corporal, TIIC como é conhecida em português. A BIID é rara, pouco estudada e de condição escondida, secreta. Consiste no desejo de mutilar-se e na realização de amputação de membros saudáveis (pernas, braços) ou em mutilações como provocar cegueira em si próprio ou quebrar a própria coluna vertebral. Nela existe fundamentalmente um desacerto, um desencontro, uma não aceitação entre o corpo que se deseja e o corpo que se vê. Nesse sentido, a BIID se insere em toda a problemática do desejo, meta, não aceitação, em medos e dificuldades, ou até mesmo na clássica definição de Krafft-Ebing sobre parafilias, expressa em seu livro de 1886: Psychopathia Sexualis. O característico dessa não aceitação, dessa

Ciladas da sobrevivência

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Transformando suas possibilidades em necessidades, vivendo em função de acomodações e medos, de inseguranças e dificuldades de enfrentar o que ameaça e compromete, o ser humano é aprisionado nas suas dimensões de acomodação. Estrangulando suas possibilidades de mudança, de transformação, cada vez mais ele se confina, se situa no que o apoia, no que lhe permite exercer seu bem-estar: dormir, comer e manter mínimos prazeres de boa convivência, sexo e imagens sociais. Quando isso é ameaçado, não sabe como agir. Angustia e ansiedade são seus orientadores comportamentais e assim ele descobre que morrer - se suicidar - é uma forma de sobreviver. Realiza seu lema: quando não aguentar, quando não mais conseguir, morrer. Suicidar-se é a saída de emergência, é o capital, a reserva que garante e permite exercício de irresponsabilidade, parasitismo e dedicação ao seu jeito de ser, aos seus vícios, hábitos e medos. A própria angústia é a bola de neve, que para ser evitada o lança n