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Mostrando postagens de outubro, 2023

Por que o oprimido anseia por mais opressão?

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  Por que o oprimido anseia por mais opressão? Essa indagação aparentemente contraditória é esclarecida quando se inclui e trabalha com a realidade estruturada no que se percebe como segurança. Segurança é, em última análise, mesmice. A mesmice conseguida pela repetição, a não mutação de variáveis, a manutenção do existente.   A Terra é redonda, os processos existem, é a dinâmica, é o movimento que tudo configura e define, mas isso atordoa. Surge, assim, a necessidade de marcar, criar padrões, regras e normas, estabelecer referenciais seguros e imutáveis. Desde a família, a religião, as leis, os contratos sociais, o poder econômico que tudo solapa e edifica, até as determinações mesquinhas e autorreferenciadas “do que é meu”, “do que é próprio, do que é impróprio”, “do que faz parte de mim”, tudo conflui para a busca de estabilidade e conservação. Essas colocações, mesmo que só indagações, criam referenciais. Saber até onde se pode ir ou não se pode ir gera dever

Estar consciente do que acontece

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Estar consciente do que acontece só é possível quando nos detemos no que acontece, e se deter é geralmente impossibilitado pela quantidade de frustrações e desejos acondicionados que embrulham o ser humano. Esse sistema de acondicionamento e proteção é desumanizador, esconde e faz sumir humanidade. A pessoa passa a ser os invólucros protetores, os acondicionamentos e condicionantes. Assim, se torna mais importante construir casulos protetores do que exercer humanidade.   As vivências e suas implicações se constituem em estofo relacional. Antes e depois sempre estão presentes como continuidade do estar aqui e agora. A dinâmica exige contradição tal como a transitoriedade. O fugaz é o instante, é o lampejo que clareia, mas que impede estar consciente do que acontece, pois ilumina outras dimensões, principalmente as do resultado. O conhecimento que daí decorre não discrimina o que se consegue ou o que não se consegue, é apenas a catapulta que impele para outras área

Estruturas responsáveis por mudança

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  Perceber que os outros têm o que não se tem, ou perceber que se é injustiçado ou não é reconhecido são situações perfeitas para estruturar revolta. As comparações, a medida do afeto recebido, a falta sentida pelo que é necessário – a alimentação mínima, por exemplo – cria revolta. Assim como começa a existir revolta quando falta justiça, igualdade de parâmetros e de critérios. Em certos contextos, principalmente profissionais, não ser reconhecido como propiciador de mudança, como agente efetivo de transformação, pode também gerar revolta.   Não basta comparações que geram desigualdades, arbitrariedades e descaso para haver revolta. O principal núcleo estruturante de atitudes revoltadas decorre de comparações, verificações geradas pela não aceitação do que se vivencia. Sentir-se colocado em situações subalternas, desprivilegiadas e estigmatizadas, quando tudo é medido, observado e comparado, cria raiva, inveja, medo, fazendo com que o indivíduo se sinta preterido

Indecisão

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  Toda vez que é necessário decidir é também necessário abrir mão, assim como segurar as rédeas, as direções do que se quer trilhar. A vivência dessa realidade, o enfoque desse processo, que é geralmente por problemas e não aceitações, é visto como perder oportunidades quando não se posiciona. A partir dessa percepção iniciam-se as avaliações: “posso ficar com ambas situações; não preciso desistir; tenho que compor forças”. Essas cogitações transformam decisão em uma imposição ocasional que pode ser adiada, disfarçada.   O tempo passa, as contradições se acumulam e o que era óbvio e fácil se transforma em dramática necessidade de escolher. Nesse momento, as contingências e oportunidades comandam as escolhas, chegando até a se descobrir que é mais fácil morrer que viver. A inversão de valores comanda o dia a dia, os deslocamentos se impõem, vícios, hábitos e medos (omissões) passam a governar o cotidiano. É assim que se instalam a depressão, a raiva ou o medo