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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

A eternidade está no presente

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Não estar limitado pelo que acontece (memória e vivência) nem referenciado no que temos ou desejamos, só é possível se vivenciamos o presente, se este nos deixar ocupados sem preocupações nem verificações, sem validações. Nossa estrutura biológica é aprisionante, o máximo de libertação que conseguimos é mantê-la neutralizada. Ao transcender o limite biológico sem transformá-lo em limite psicológico, se vive o presente. O presente é o contexto específico de cada um com todas as suas direções e redes relacionais. Integrado nele, sem metas, nem a priori, não posicionados se exerce dinâmica. Não pensar no futuro, não parcializar os dados do percebido por esta dimensão inexistente traz ao homem eternidade. Eu e o outro, eu e o que está sendo vivenciado, é integrado; perspectivas surgem como decorrência e consequência do que se vivencia. Esta descoberta, nova paisagem, exila a mesmice, a repetição e o tédio. Respira-se por respirar-se, isto é tudo, isto é nada, não é resultante, é

Desistência e Manutenção

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Geralmente toda desistência implica em manutenção. Desistir da realização dos próprios desejos para manter a vontade do outro é, dentro dos mecanismos sobreviventes, à realização pragmática do bem-estar. Acontece isto desde as situações onde as mulheres suportam apanhar para manter seus parceiros, até os casos onde mulheres e homens desistem de suas motivações e desejos sexuais, para ficar bem com a família, por exemplo. Quando se avalia, quando se exerce reflexões e considerações parcializadas, não globalizando as relações estruturantes e relacionais, surge divisão criadora de antagonismos e aí se escolhe o que é mais oportuno, convincente e prático de atender. Desiste-se para conseguir tranquilidade, paz. O exercício contínuo da avaliação gera desistência responsável pela manutenção de incompatibilidades entre o indivíduo e o outro, até a incompatibilidade do indivíduo com ele mesmo. A desistência resulta de avaliação e cogitação. É o início estruturador do vazio, da de

Convicções

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Como saber que o que se percebe é real? Como constatar, sem autorreferenciar? Perceber é conhecer. Este processo é aberto, dinâmico. Ao perceber que percebe, ao constatar, categorizar, conhece-se, posiciona-se; referenciais são estabelecidos. Estes caminhos são também labirínticos. A constatação de X às vezes é agregada com Y ou Z. Nos agregados surgem nebulosidades criadoras de dúvidas. Para saber que se sabe, para conhecer é necessário identificar os núcleos - contextos estruturantes das percepções. Em Psicoterapia Gestaltista isso sempre é feito. Entender que os deslocamentos da problemática, que a ansiedade de não conseguir, por exemplo, traduz a incapacidade de aceitar o limite da própria mediocridade, restaura os caminhos da descoberta da própria impotência, esclarece sobre agressividade, sobre a insuportável revolta de existir, frequentemente sentida nos estados de depressão e angustia. Real é o que se percebe. "Existe ilusão quando o pregnante são as estrutur

Inquietação - Trampolim para o abismo

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Entregue a si mesmo, reduzido a seus desejos, medos, dúvidas, certezas, sucessos e insucessos o homem se desconcerta, se segura em expectativas, não sabe se haverá continuidade do que lhe ocorre, seja para o bem, seja para o mal. Procurando certezas, garantias e respostas para manter o conseguido ou para superar o desacerto, ao se voltar para o outro - também apostando no que vai conseguir - cria expectativa. Este estar voltado para o futuro, este sair do presente gera ansiedade, é a inquietação. Estrutura-se, às vezes, comportamento supersticioso: tudo significa enquanto sinal de bem ou de mal; a capitalização, a instrumentalização são constantes. O sinal significa que o caminho está aberto ou fechado. Locomovendo-se neste universo simbólico, o real é transformado em uma mistura de passado e futuro. Inquietação é o sintoma explicitador do vazio; é o colapso decorrente de estar no mundo segmentado e posicionado. A ansiedade gerada pelo despropósito traz medo, anseios e torcidas p