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Mostrando postagens de janeiro, 2012

Solidão

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Estar só, sem alguém para namorar, para conversar é problemático para muitas pessoas. Imediatamente é desencadeado o processo de procurar alguém ou de manter um relacionamento que se considera desagradável. Poucos se questionam sobre o que aconteceu ou acontece para que se fique só. Se o outro é percebido e usado como objeto, sobrevive-se, aliena-se, coisifica-se. A não aceitação estrutura deslocamentos, metas criadoras de vazio. Este vazio - carência afetiva como necessidade de relacionamento - gera demandas, faltas, fome que tem de ser saciada. Algumas avaliações são nítidas neste processo: tudo foi conseguido, a vida está estabilizada, falta apenas um relacionamento que gere prazer ou, falta a realização de desejos e demandas ou, precisa de ajuda, é necessário um relacionamento, alguém participando, ajudando ou ainda, sozinho o despropósito é completo, urge um relacionamento. Nestes casos o outro é sempre um objeto, é necessário ou é suporte. Esta visão coisificadora d

Vale o que se tem - Vitória de Pirro

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É muito comum ouvir explicações acerca da marginalidade, do uso de drogas, da violência como sendo causadas pela pobreza, pelas condições econômicas e educacionais sub-humanas ou precárias. As implicações desta explicação, desta visão é que "ter" é o estruturante, o constituinte do humano. É verdade sim, se apenas considerarmos o homem como um organismo. Melhorar condições econômicas virou lema. As pessoas querem ter; as que têm querem mostrar que têm. Tudo gira em torno do que se conseguiu: riqueza amealhada ou melhoria das condições de sobrevivência. As próprias reivindicações são contingentes, problemas geradores de novos problemas. Valorizar o ter sem questionar a coisificação, a alienação que isto implica, leva ao hiperconsumo, à sociedade do descartável. Somos escravos do que consumimos e produzimos, não faz diferença vender ou comprar, o horizonte temático é o mesmo: ter, mostrar, aparentar. A educação também foi transformada em bem de consumo: o

Ideologia

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É um sistema de crenças e explicações que orientam o viver cotidiano. O século XX foi o século da "guerra fria"; ser de "direita" ou ser de "esquerda" era o polarizante principal dos movimentos políticos, sociais e até mesmo artísticos, culturais. Em 1917, com o triunfo da revolução soviética, uma nova ordem é inaugurada. A visão religiosa, os conceitos de divino, deixam de ser a explicação dominante dos processos sociais e econômicos. Não é a vontade de deus que estabelece as diferenças socio-econômicas, não é por pecado que se é pobre, mas sim por ser explorado. Esta nova percepção liberta: de vítima ou castigado, o homem  passa a se perceber oprimido. Luta ou se acomoda, se organiza ou é organizado. Manter o sistema, explorar ou mudar é a nova ordem inscrita diante dele. Guerra civil espanhola, libertação das colônias ainda existentes, declaração dos direitos humanos, divisões arbitrárias do mundo pós-guerra, tudo isto vai constituir um no

Simples e complexo

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Perceber o simples decorre da neutralização de acréscimos e atalhos geradores de distorções, de dificuldades. Perceber a simplicidade é quase impossível; é muito difícil pois o contexto, as diversas variáveis, as inúmeras circunstâncias camuflam e obscurecem. Não é uma questão de significado, é uma questão de aposições e justaposições. O Princípio de Ockham * diz que tudo sempre tende para o mais simples, cientistas afirmam que a natureza é parcimoniosa; essas são diretrizes apropriadas quando constatamos processos contínuos. Tudo que é aderente é agregado. Estes agregados são também suportes, as vezes ocultadores, do que está acontecendo. Ao se deter no que ocorre, sem objetivos nem explicações, consegue-se perceber o que está acontecendo. Ao querer incluir o que está acontecendo em alguma função ou propósito, atribui-se valores, novos agregados, situações extras. Tudo fica muito complexo. Precisa-se de mais informação, verificação e garantias para saber se o que se percebe é o