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Mostrando postagens de novembro, 2014

Submissão

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Submissão é desumanização, processo paulatinamente criado ao longo de vivências familiares e sociais. Não sendo questionada, a submissão cria máquinas pensantes, máquinas que agem, que preparam a vida insatisfatória e violenta, é a alienação consentida. Cuidadas e mantidas por outros, em função dos objetivos destes, as pessoas são endereçadas, são transformadas em vale-realização, vale-promessa dos desejos e interesses de seus mantenedores. De uma maneira geral, as famílias, pais e mães, cuidam e mantêm seus filhos, em função de objetivos próprios, desde os mais amorosos, como “assistir ao seu sucesso e felicidade” , até os mais utilitários, como “alguém que acompanhe e nos assista na velhice” . A submissão a regras, desejos, vontades e interesses do outro, sejam indivíduos, sistemas ou empresas é impeditiva, pois metrifica, avalia, decide e corta, sempre a partir de critérios que não os da pessoa que está à mercê, à margem dos processos. O que apoia, oprime, consequentem

Ampliar e restringir

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Quando regras e limites são estabelecidos, temos ampliação e restrição. O desenvolvimento motor e psicológico do ser humano exemplifica este processo paradoxal. Saindo do restrito espaço familiar, alcançando outros ambientes, outros contextos, a percepção de si, do outro, do próprio espaço é ampliada, tanto quanto se estrutura a percepção de impotência, de medos e inadequações. Este cruzamento de vivências, esta interseção, pontualiza e fragmenta, causando restrições rapidamente qualificadas como familiar, meu e estranho, seu, outro. Este filtro é o referencial que cada vez mais amplia domínios e interesses, tanto quanto padroniza, setoriza vivências. Os contextos relacionais motivantes podem extrapolar, superar regras e limites. O outro já não é visto como semelhante ou diferente, mas sim, como presença, atualidade, independente de comparação. Estes encontros desencadeiam novos processos: é apredizagem, é transcendência onde realmente as vivências são ampliadoras, não são re

Reversibilidade perceptiva

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Tudo muda, desde que nosso contexto de inserção é o movimento, é a dinâmica que existe em tudo e entre todos. O movimento, o processo, a mudança são constantes. No nível perceptivo, tudo que é percebido é passível de reversibilidade, pois também está submetido ao movimento. A relação Figura-Fundo, que define o processo perceptivo, é a própria reversibilidade. Percebemos X no contexto Z; tanto quanto, percebemos Z no contexto X. É exatamente esta reversibilidade que cria contradições à necessidade de constância e regularidade. Deter o impermanente, estabelecendo regras e dogmas, é querer dominar o que é aberto, o que é fluido. Este desejo decorre do autorreferenciamento polarizado em conforto/desconforto, à partir do qual tudo é percebido. É uma maneira de se sentir seguro, tranquilo para conviver com a reversibilidade, a fugacidade do presente, tanto quanto, se constitui em obstáculo para o que ocorre. São sistemas de avaliação do que vale a pena e do que deve ser evitado, q

Vitimização e reivindicações

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A manutenção de qualquer sistema - orgânico ou inorgânico - necessita de entrada e saída, input-output . Sistemas necessitam de um escoadouro, de uma porta onde colocar o resíduo, o lixo. Tanto alimentação, quanto descarte de resíduos, são uma imposição. Sistemas de poder, por exemplo, para manterem-se, necessitam de antítese ao esvaziamento resultante de suas atuações: desenvolvem arremedos de ações comunitárias que aliciam grupos, populações inteiras como massa de manobra e assim evitam a estagnação. A ideia de justiça, que na Inquisição foi abalada pela Igreja, foi também salva através do sacrifício das bruxas. Nas ditaduras, os mesmos que redigem lemas para a segurança nacional são os que torturam, aprisionando, excluíndo, e nesses contextos, vítimas são bode expiatórios, senhas para manter a ordem imposta. Da mesma forma, na dinâmica dos relacionamentos individuais, com infinitas situações e demandas, com níveis de sobrevivência e de existência, os sistemas mediadores são pregna