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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

Recompensa e ambição

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Sentir-se capaz por ter cumprido etapas e conseguido o mínimo de representatividade, é transformado em ter direitos, em merecer cuidados e atenções. Neste posicionamento autorreferenciado, colocando-se como centro dos processos, o indivíduo busca, através do que é justo e “de direito”, suprir suas carências e necessidades. Esta atitude permeia todos os esforços e costura “cortes e remendos”. Na dimensão social, onde tudo é avaliado enquanto “pertencimento” a comunidades, a grupos que significativamente indicam merecimentos e direitos, os reconhecimentos das capacidades individuais são transformados em estratégias dirigidas a outros objetivos - políticos de preferência. Psicologicamente, quando alguém se sente capaz e imediatamente merecedor de direitos, ele trilha seu caminho relacional oscilando entre impotência e onipotência, flutuando entre ser vítima e capataz. O constante interesse em descobrir pontos fracos nos outros - incapacidades e desejos - é uma arma que lhe permite a

Medicalização do amor

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Fevereiro de 2015, dia 10, o jornal The Independent noticiava que o eticista Brian D. Earp * declarou recentemente à revista New Scientist , aprovar as pesquisas que estão desenvolvendo o "remédio anti-amor" (" anti-love drug "), declarou que também aprova a concepção subjacente a essas pesquisas que consideram o uso de medicamentos para limitar os sentimentos associados ao amor, ou seja, o amor ser tratado como se trata o vício e a depressão, pois pensa que: “estudos recentes do cérebro demonstram um paralelo entre os efeitos de certas drogas viciantes e as experiências de estar amando. Ambos ativam o sistema de recompensa do cérebro e podem nos oprimir de tal forma, que esquecemos de outras coisas, podendo também gerar síndrome de abstinência quando não estão mais disponíveis. Parece que não é simplesmente um cliché, que o amor é como uma droga: em termos de seus efeitos no cérebro, ambos talvez sejam neuroquimicamente equivalentes.” Reduzir o ser humano ao

Seletividade

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Seletividade caracteriza as escolhas que constroem as trilhas do que é próprio, do que é adequado para determinados relacionamentos pessoais. Selecionar é recortar quando se realiza através de critérios antecipados, determinantes do que é bom, do que é ruim, do que deve ser feito ou não. É uma regra, uma forma de separar o joio do trigo, entretanto, é também uma maneira de transformar pessoas em objetos valorizados ou desvalorizados. Os critérios de seleção geralmente redundam em conveniência, em aparência e são estabelecidos a partir de regras e normas. Não querer o diferente ou evitar o igual são atitudes estabelecidas por outros referenciais diversos. O diferente pode ser o mais pobre e fica evidente que para as aspirações e sonhos pessoais, não vale à pena conviver com o mesmo; o igual pode ser o socialmente excluído (o drogado que evita conviver intimamente com drogados, por exemplo). Sempre que há comparação, avaliação, a seletividade se impõe e o outro, tanto quanto as s

Sociedade audiovisual

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A motivação para exibir-se, para “ver e ser visto” , resulta de problemas, de dificuldades, de não aceitação, enfim, resulta do que se costuma chamar de esforço de superação; esta é a atitude que determina o relacionamento entre pessoas, onde as demandas são contingenciais. Assim, as circunstâncias esclarecem e decidem e é através delas que os relacionamentos se fazem. Por exemplo, João e Manuel são vistos, são percebidos como grandes amigos, pois frequentam os mesmos lugares, os mesmos bares e gostam das mesmas bebidas. O estabelecido é confundido com o estabelecedor. A evidência obscurece a imanência. O resultado é destituído de significado e motivação. Nas redes sociais as vivências são compartilhadas, discute-se sobre elas, tanto quanto as mesmas funcionam como mapas, caminhos direcionadores. Fica fácil discutir sobre o livro que se quer ler ou o filme que se quer ver, não é mais necessário ler, ou ver o filme, basta “linkar” uma série de opiniões e comentários. Está na rede