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Mostrando postagens de fevereiro, 2017

Participação e contemplação

Estar totalmente vivenciando o presente é a forma de contemplar, isto é, de estar imerso no instante que se eterniza, que continua pela participação. Não há depois, embora haja antes. A continuidade que desemboca no presente, no instante, é o anterior agora congelado no presente totalmente vivenciado. Não há anexações, nada é segmentado, tudo realiza dinâmica. Este absoluto é conseguido pela continuidade do relativamente congelado, imerso na apreensão da totalidade sem direção, sem confluência polarizante. É o momento mágico da contemplação no qual o indivíduo e o contemplado são unificados. Esta parada abrupta da dinâmica relacional é quase o cancelamento da memória, do passado, pela atualização totalizante da mesma. Não há depois, o antes também foi congelado no agora. Desaparecem dúvidas, medos, ambiguidades. Nada mais existe que não seja participação. Quando isto acontece, contemplação é estabelecida e a descoberta do novo se impõe; é percebido tudo que faz cancelar as divisões

Funcionalidade

Organizações sempre aparecem em função de algum referencial, quer para o bem, quer para o mal. Bem ou mal, aqui, estão considerados como valores atribuídos e necessários às organizações e neste sentido, a organização é extrínseca, é regra aderente ao que se quer estabelecer e é isto que constitui a funcionalidade necessária aos processos. Olhando a sociedade podemos ver aderências e imanências em sua organização. Neste aspecto, vários fatores já foram enfatizados. Explicar as organizações sociais em função dos meios de produção (K.Marx)  permitiu muito esclarecimento, embora não considerasse o humano ao basear sua análise em explorados e exploradores. Dicotomias como esta, estabelecidas em função do capital, da ordem econômica criam tipos de homem: o pobre, o rico, o explorado, o explorador, e através destas categorias e configurações obscurecem a percepção do indivíduo, ainda que explicando organizações sociais e econômicas. Organizações propostas pelas religiões também criam ca

Continuidade e vitalidade

Quando se percebe que felicidade, infelicidade, saúde, doença, que o que se quer ou precisa independe do que se deseja ou necessita, se aceita a contingência, o inesperado ou a resultante continuada do que se estruturou e estabeleceu. Esta aceitação de limites e realidade permite lidar com o inesperado, com o determinado por inúmeros processos, de uma forma contínua; permite presença, vitalidade diante do inóspito, tanto quanto diante do aprazível. É a atitude diante do que ocorre que estrutura humanos cheios de possibilidades, de continuidade, ou, que escanteia seres mecanizados, programados por ilusões, por medos (omissões) e mentiras. Enfrentar o que pode nos aniquilar, pode ser, como já dizia Nietzsche (“aquilo que não me mata, me fortalece“ ), uma forma de nos fortificar. No cotidiano, o estruturante é enfrentar tudo que é vivenciado, mesmo sob a ambiguidade de dúvidas geradas pela constatação de descobertas estonteantes. Saber-se traído, por exemplo, é uma forma de libertar

Descontinuidade e ideia fixa

Esperar que tudo aconteça como se quer, que nada atrapalhe o cotidiano e os projetos, é um desejo que cria ansiedade. A expectativa cria compromisso com o que não existe, com o que ainda não aconteceu, tanto quanto instala descontinuidade no existir. A maneira de preencher estes vazios, estes pontilhados de descontinuidade, é transformar o que escapa em ponto de apoio. Segurando o que não pode ser segurado, o interrompido, se cai em repetição na tentativa de esticar o existente para suprir, cobrir o que não existe. Este faz-de-conta cria espaços de superação, de realização do que é impossível de atingir pois falta matéria-prima, falta condição de configuração, falta vivência presentificada, vivência atualizada. A não aceitação da própria incapacidade, da impotência de modificar situações ou realizar desejos cria tensão, gera medo, ansiedade e paralisa. Ficar emparedado, imobilizado pelo que precisa, pelo que necessita e não acontece, deixa os indivíduos reduzidos à incapacidade d