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Mostrando postagens de abril, 2018

Falhas e frustrações

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Viver em função da realização de objetivos gera atitudes determinadas, voltadas para vencer obstáculos que são considerados como o que atrapalha ou pode atrapalhar a realização de tais objetivos ou metas. Esse tipo de atitude privilegia o depois, o futuro, o que se quer construir e realizar. Vivemos em universos relacionais, ou melhor, tudo que nos situa e configura é relacional. Implicações são nossos constituintes situacionais. Dedicar-se ao futuro, ao depois é abrir mão do presente, do agora e voar em direção aos objetivos, às soluções e desejos. Isso faz com que se perca o chão, a base, ultrapassando limites que são também referenciais. Cada vez mais desvinculados de seus limites e impotências, mais o indivíduo crê se preparar para grandes vôos e realizações. Vulnerabilidades surgem, inconsistências são mantidas e assim é estabelecido o “nada pode me atrapalhar, nada me deterá no caminho do meu sonho, da minha realização, vencerei” . Essa atitude, aparentemente decid

Elogio

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Nossa época é avara em elogios pois é pródiga em autorreferenciamento. Perceber o outro, reconhecer suas boas atitudes, seus limites e disponibilidade requer não estar autorreferenciado, centrado nos próprios propósitos, metas e desejos. Para estar com o outro é necessário não se contextualizar no próprio campo de referências de metas e desejos, pois nesse contexto, quando o outro é percebido e faz algo passível de elogio, geralmente esse instantâneo elogio não se realiza pois é capturado pela inveja e pelo ciúme de quem o observa. Para elogiar é preciso ficar diante do outro, admirando o feito, sem interesses dilapidadores. O mais simples e comum, o elogio, o reconhecimento, se transforma em imensa dificuldade, pois estabelece rinhas de concorrência e competição, responsáveis pelo isolamento. O elogio é um ato de justiça e é também encontro, tanto quanto é transcendência dos próprios limites. Muito importante no processo de socialização, é por meio do elogio que se e

O hábito aliena

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Repetir é esvaziar os processos que questionam, que perguntam. A continuidade das respostas faz com que se repita. Os acertos e congruências realizam objetivos. Não é necessário se deter, não é necessário perceber o que ocorre, basta manter, repetir. Vidas assim processadas, transformadas em clichês, são referências cujos significados são determinados pelo consenso geral. São os posicionamentos engolidores das dinâmicas relacionais. Afirmações como: “isso precisa ser feito, é a regra, tudo vai depender dessas ações” equivale à criação de padrões e modelos determinantes de ajustes, de acerto e também de alienação. Acordar com a surpresa de que a luz voltou, o dia nasceu de novo é o espanto, às vezes certeza, mas sempre a ideia de que o novo se inaugura. O repetido familiariza, não cria estranheza e o que é familiar é suave, é tranquilo, mas também é anestesiante, passa a esconder tudo que é diferente, que é novo. A mudança desbarata, estabelece busca de controle, mas é també

Comparação

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Comparar pessoas implica em mutilá-las de suas características ao encaminhá-las para referenciais nos quais comparar igualdades ou diferenças possam ser estabelecidos. Comparar implica sempre em avaliação, tanto quanto na existência de padrões e instrumentos para sua realização. Todos nós, como seres humanos, somos iguais pois somos seres humanos. Essa igualdade passa a ser tisnada por incidências contextuais de nosso estar no mundo. Da língua aprendida à época vivenciada, diferenças são estabelecidas. Essas diferenças são fundamentais para identificar características externas, mas nada significam enquanto imanência humana. A dispensa de diferentes critérios adotados pelos agrupamentos humanos estabelecem limites, fronteiras que vão desde a exterioridade da pele, até o íntimo da fé, da dedicação que caracteriza cada ser humano. Voltar-se para o culto da natureza, esgotar-se nos estudos e preceitos dos livros sagrados, por exemplo, cria sacerdotes, mestres, seguidores de