Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2011

Sem saída

Imagem
Vivenciar o presente pode ser sinônimo de vivenciar o desagradável, o despropositado e ameaçador. Situações de guerra, assalto, doença, desastre deixam isso bem claro. Essas ocorrências determinam  ansiedade e medo - que é a omissão diante do que ocorre - ou determinam coragem e participação. Ter medo é se omitir, é colapsar, sumir diante do que está acontecendo. Isso se dá, muitas vezes, no desmaio, no desespero, nos gritos e nas rezas obstinadas. Havendo participação não há medo: enfrentamos ou fugimos, às vezes única maneira de enfrentar, mas ainda assim, ação. Quando não temos metas - ou seja, planos e desejos a realizar no futuro, que não têm estrutura na própria realidade - não estamos divididos ao vivenciar o presente. Essa organização nos permite não colapsar com os impactos, o caos, a desorganização que está acontecendo no presente. Essa atitude cria perspectiva de vida responsável pelo descongestionamento; " o grande horror " que acontece adquire proporções me

A vontade de dar certo é um erro

Imagem
Só se pretende um futuro diferente do presente, quando não se aceita o que se está vivendo. Partindo de uma incoerência, desejando o que não está estruturado em seu presente, chega-se ao desacerto. Ninguém, satisfeito em estar vivo, deseja morrer (futuro), por exemplo. Vivenciar o presente integralmente não deixa brechas para avaliar. Só em vivências parcializadas é que surge a comparação, a avaliação. Esta divisão estabelece o bom, o ruim, o satisfatório, o insatisfatório; cria inveja, ganância, medo, insegurança. A continuidade é quebrada e classificações e tipificações aparecem. Querer dar certo é pensar em resultados, é vivenciar o presente como ponte para atingir metas. Evitar o que se considera prejudicial e insatisfatório demanda estratégias e esforços e assim se começa a construir metas que, quando realizadas, geram vazio. Para validar e justificar os esforços, busca-se a todo custo, manter o conseguido. Frequentemente obstinação, compulsão, medo, aumento da neces

Formação de identidade

Imagem
Formação de indentidade é um processo decorrente do relacionamento com o outro em um determinado contexto cultural, social, histórico. Todo conhecimento é perceptivo, é relacional, este processo identifica o humano, permite dizer que ele é constituido pelo outro enquanto ser no mundo. Frequentemente o que se chama identidade se refere às características culturais e sociais. O fazer parte da cultura X, Y ou Z, o estar inserido em determinados grupos sociais,  estar inserido em determinada classe econômica, determinam oportunidades, impedem satisfação de necessidades tais como a de comer nutritivamente, por exemplo. Surgem os pobres, os ricos, os remediados e medianos, as minorias etc. O acesso à educação é também outro fator usado como identificador. Nenhuma destas dimensões açambarcam, identificam o humano. A impossibilidade de identificação se faz sentir quando nos deparamos com as pulverizações do conceito de identidade: identidade étnica, identidade cultural, identida

Padrões e costumizações

Imagem
Outro dia, lendo Proust - Jean Santeuil * - achei engraçado o que ele escreveu sobre Sarah Bernhardt, a famosa atriz de teatro do sec. XIX, ele dizia:  "... assim como todo amador apaixonado pelo talento de Sarah Bernhardt sentiria diminuir sua paixão no dia em que, mesmo que continuasse grande artista, Sarah Bernhardt já não falasse mais com os dentes cerrados, sempre rindo, bem depressa, sem que se entenda bem o que diz ..." No tempo de Sarah Bernhardt era possível se apresentar fora dos padrões, era possível expressar seus próprios hábitos. As idiossincrasias eram aceitáveis e identificadoras. O " politicamente correto " não era o determinante.  Atualmente, para se apresentar seja na festinha do amigo, na repartição pública, na empresa, no palanque ou na TV, para ser aceitável é preciso preencher algumas regras, atender alguns padrões. Além do " sorriso branco total " comum à todas as celebridades do mundo do entretenimento, de políticos, de