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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

Organizar

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Perceber o que ocorre e suas implicações permite organizar referências, sinais e processos. A continuidade desta vivência ao ser descrita, narrada, faz com que se situem e encaixem cenários, paisagens, sentimentos e cogitações. Entender as implicações dos próprios atos, poder contar a própria história de vida, entendendo seus diversos desenvolvimentos, é organizador. Quando se consegue responder ao que está acontecendo ou ao que aconteceu, se começa a estabelecer ordem. É clássico na psiquiatria, para o diagnóstico diferencial, perguntar: Que dia é hoje? Onde você está? Como é seu nome? O desorientado não responde e este é um dos sintomas típicos da loucura. Comumente, quando não se sabe por que acontece o que acontece ou nem se imaginava ser possível saber, fala-se em alienação ou em inconsciência. Estar imerso na satisfação de desejos/necessidades esvazia, desumaniza, desorganiza, autorreferencia. São os pontos, os fragmentos humanos esperando seus polos de atração,

Prolongamento e transcendência

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A única maneira de não ser tragado e esgotado pelas necessidades de sobrevivência é através da realização de possibilidades intrínsecas ao humano. Vivenciar o presente gera sempre continuidade. Este suporte, esta continuação, prolonga e transcende o vivenciado, criando novas necessidades ou ampliando possibilidades. Nas estruturas fragmentadas pela não aceitação, a satisfação de necessidades está sempre criando novas demandas, mesmo que sejam as de manutenção e garantia do conseguido. Nas estruturas inteiras, de aceitação, de aceitação da não aceitação, satisfazer necessidades é abrir perspectivas, é gerar continuidade para ampliação relacional. Este ficar quieto, em paz e aberto para o que ocorre é a disponibilidade: suporte fundamental para transcender limites e contingências. É através disto que podemos entender porquê quanto mais se presentifica mais se é disponível e inteiro para transcender limites, para entender que a morte faz parte da vida, por exemplo. A fusão d

Engano

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Vencer ou vencer - desconsiderar o fracasso - cria oposições intransponíveis. O indivíduo isolado em seus objetivos ao transformar a esperança em matéria prima, em tampão de abismos e vazios, nega tudo em volta: desde o outro até o próprio desespero e medo. Realizando-se como vetor do próprio desejo estrutura-se como desejante perdido e engolfado no próprio desejar. Esta pontualização fragmenta e destroi. Quando se consegue realizar o desejo, não existe mais quem desejou, existe apenas o resultado, o desejado. Quando não se realiza o desejo, fica claro o abismo que o engendrou, fica claro o despropósito. A transformação de possibilidades em necessidades é sempre redutora. Contingenciado pela sobrevivência, desaparecem as matrizes humanas relacionais, tudo pode ser usado para realizar o que se deseja, até a própria vida serve de ficha (cacife) para a grande aposta. A necessidade de vencer, de acertar é um dos maiores enganos e imersos nesse contexto os dados relacionais sã

O que conta - padrões

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Não sendo aceito pelo que é - ser humano com possibilidades e necessidades de relacionamento - estrutura-se o processo de não aceitação, com consequentes caminhos de aceitação sob condições. Um destes caminhos é através do que se padroniza: bom comportamento, boa aparência, bons resultados. Riqueza, beleza e sucesso são padronizados e passam a ser buscados. Tudo é avaliado dentro destes referenciais. Fazer amigos, criar família, estabelecer segurança oriunda de recursos materiais é o nirvana buscado. Tudo gira em torno de estruturar-se dentro de padrões, sendo neles aceito e o que é valorizado é o que complementa, completa, realiza. O próprio ser é padronizado, é transformado em ego, em eu sustentado pelo poder do conseguido e estabelecido. Questões existenciais foram transformadas em avaliações relacionais, onde o verificado é o poder de acréscimo ou de diminuição, de adequação ou inadequação marcados pelo outro. Olhar em volta é então, verificar o que pode ser apropriado, aproveit