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Mostrando postagens de outubro, 2012

Decisão libertadora

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Aniquilado como ser humano, entregue à sobrevivência, o indivíduo é transformado em uma estrutura que funciona para satisfazer suas necessidades. Sente-se sozinho, os outros são sempre ameaçadores; a falta de confiança, a vivência de ter sido aniquilado é pregnante. Todas as suas relações são estruturadas nesses referenciais. Não há amor, compaixão, bondade. O outro é usado, enganado para satisfazer os próprios objetivos. O outro é apenas um objeto útil, inútil, que ajuda ou que atrapalha. Esta sobrevivência, engano, utilização e traição, estrutura revoltas e medos além de aniquilar outros seres humanos. De queda em queda, de engano a engano chega-se a limites intransponíveis. É o marginal que cai na malha da lei, é o impoluto finalmente desmascarado ou são também os que colocados em impasses, têm todas as coordenadas e percepções para realizar-se como objeto, como coisa desumanizada ou para pegar a réstia de luz que leva ao nó, à virada humanizante. É o momento onde não mais imp

Fábrica de sonhos

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Quando não se vive o presente, tudo é vivenciado como expectativa. Viver dedicando-se à realização de objetivos, sonhos e propósitos é esvaziador, transforma o ser humano em um robô (objeto) programado para a realização de desejos e necessidades. Inicialmente o processo de mecanização é vivenciado como bem-estar, tranquilidade, sorte, sucesso, acerto. Tudo que é necessário é programado e a eficiência dá bons resultados. Ganhar dinheiro, ser respeitado, ser considerado bom, estas aderências suprem a deficiência e a falta desencadeadoras dos sonhos e propósitos. Sucesso e realização, nestas estruturas mecanizadas, resultam em vazio; realizar objetivos, sonhos é também estabelecer despropósito: não há mais por que lutar, não há o que empreender, não há o que fazer, só existe tédio, vazio. Ao vivenciar este vazio, inicia-se um novo processo, frequentemente percebido como impasse: é preciso abrir mão do conquistado para conseguir bem-estar, sentir-se vivo. Viver é percebid

Zeitgeist ou espírito da época

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A ideia de Zeitgeist perpassa a obra de Hegel, pensado como processo histórico. Zeitgeist é um conceito básico e intrigante para compreensão da trajetória, do comportamento humano. A atmosfera da época, o contexto dos anos, existe independente das culturas de cada nação ou é típico das nações mais adiantadas economicamente e passados para as outras. Admitir isto, implica em admitir transformações superestruturais independente de suas infraestruturas. Ocorre que os sistemas, sociedades ou culturas, comunicam-se de diversas maneiras, têm camadas, aspectos relacionados a outros sistemas, sociedades ou culturas diferentes de seus estruturantes. Esta flexibilidade, dinâmica reversível, permite criar denominadores comuns - é a atmosfera, espírito, feições, modas, configurações fundantes à partir das quais frequências são estruturadas e sintonizadas. Processo incrível, permite semelhanças: todas as fotos do século XIX são parecidas; desde a sépia, o resultado daguerreótipo, até as f

Trapaças e fetiches

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Tudo que é usado como aderência se transforma em um extra ao processo. A própria aderência já é alheia ao que ocorre. Utilizar-se do extra é um recurso que sempre amplia. Ampliar é justapor. Esta justaposição é um momento de trapaça em relação às ordens intrínsecas constituintes - perverte funções. A popular idéia de que "quem não tem cão caça com gato" , a improvisação em função dos fins a realizar é maquiavélica, engana e transforma o outro em receptáculo de desejos, em objeto. Transformar o outro em fetiche é perversão; além de desumanizá-lo utiliza-se este objeto para propósitos solitários (autorreferenciados). Nas perversões é frequente encontrar o indivíduo rodeado de outros indivíduos submetidos a seus propósitos: sexo, dinheiro, poder etc. Ideologias, religiões, certezas e medos podem perverter à medida que passam a ser aderências determinantes dos relacionamentos. Acreditar, por exemplo, que o filho é uma encarnação demoníaca e começar a enxergá-lo assim é