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Mostrando postagens de junho, 2015

Ideia fixa

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Obsessão, obstinação são os vários nomes para a redução do mundo aos próprios interesses e princípios, assim como a dogmas e pensamentos religiosos. É uma atitude resultante de insegurança e medo, que se caracteriza por necessidade de ter onde se apoiar, por precisar resolver as coisas o mais rápido possível.  Geralmente esta atitude rígida é fruto da não aceitação do presente. A rigidez faz com que não se perceba nada além do desejado, e quando o indivíduo se transforma no próprio desejo, ele aspira à uma concentração sem desperdício de pensamento, de ação, de motivação. As ideias fixas resultam também da incapacidade de apreender e aceitar a multiplicidade de variáveis ameaçadoras dos próprios interesses, e neste sentido, a ideia fixa é transformada em talismã, alavanca aceleradora das realidades pretendidas e ideadas. Sendo sempre um prévio, um a priori ao que acontece, a ideia fixa inibe participação, cria relacionamentos pontualizados, relacionamentos resumidos dos valor

Neutralizações

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Desejar o que não está contextualizado na própria realidade equivale a desejar o impossível. É uma meta, um sonho, um deslocamento de situação conflitiva, situação frustradora e de não aceitação que desemboca em vazio deslocado e saturado por desejos. Isto cria tensão impede tranquilidade, gera ansiedade e expectativas. Não há como realizar o desejo, tanto quanto não se consegue abrir mão do mesmo.  Aceitar mortificações, sacrifícios e disciplina são maneiras clássicas de enfrentar estes dilemas, entretanto, o abandono do desejado deixa um rastro de fragmentação, de divisão que passa a habitar o cotidiano sob a forma de insatisfação e frustração. Matar o desejo sem questioná-lo em suas motivações e implicações estruturantes é uma forma de iniciar processos de renúncia e de impossibilidades, é pavimentar caminhos depressores nos quais nada é possível, não se consegue realizar o que se deseja e a constante vivência é a de renunciar para evitar complicações. A permanente estruturaçã

Desentendimentos

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O relacionamento entre duas pessoas cria desentendimentos quando os acontecimentos são percebidos em função dos referenciais específicos de cada pessoa. Memórias, não aceitações, autorreferenciamentos, frustrações geram atitudes de desconfiança, concorrência, afirmação de pontos de vista e utilização de oportunidades como afirmação dos próprios desejos de ser aceito e considerado. Quanto mais o contexto, quanto mais a vivência do presente é o denominador dos relacionamentos, mais neutralizadas são as diferenças individuais, entretanto, os antagonismos causados pelo autorreferenciamento, pela não aceitação, pelas problemáticas não resolvidas, interferem, pois não são neutralizados, são apenas acobertados, contidos pelos interesses comuns. Quaisquer expectativas não atendidas de um dos indivíduos, causa desequilíbrio, quebra o contexto comum e remete às configurações individuais. Discussão, desentendimentos, agressões, surgem. Nos relacionamentos nos quais predominam desentendi

Uso, fé e vazio

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Acreditar no outro pode ser também abrir mão de si ou transformá-lo em um instrumento útil e necessário. Este implícito relacional cria impasses vivenciados como geradores de ansiedade. Geralmente não há questionamento, não se percebe as divisões, tampouco as implicações relacionais, apenas se vivencia sintomas: ansiedade, pânico, angústia. Pensar na ansiedade, pânico e angustia, como sintomas decorre de entendê-los como deslocamento de processos de divisão, fragmentação criadora de drenos esvaziadores, desvitalizadores, tanto quanto limitadores do estar no mundo, do estar com os outros. Organizar a própria vida, às vezes, significa organizar as próprias fraquezas e dificuldades. Neste processo, confiar, acreditar em alguém ou algo é necessário, é fundamental, seja como trampolim para os grandes saltos de realização e superação, seja como apoio. Precisar é excluir toda e qualquer possibilidade diferente das que satisfazem as necessidades. Achatado e apoiado nesta sobrevivênci