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Mostrando postagens de maio, 2020

Espontaneidade comprometida

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Transformar vivências e relacionamentos em instrumento para realização de desejos e objetivos acaba com a espontaneidade do encontro, do estar com o outro. Instalado esse processo, artificialidade é o que passa a determinar a forma de se comportar e se relacionar. Os clichês, as regras de conduta, o “politicamente correto” , a sensatez e parâmetros legais (judiciais), o que se pode ou não fazer, o que é certo, o que é errado passam a ser os determinantes do comportamento. Impedida a espontaneidade, fica o convencional, o arbitrado em função da boa imagem e do que se julga ser o bom ou mal padrão comportamental. E assim, independente do que se utiliza, o que acontece é o esvaziamento dos relacionamentos: o outro passa a ser trash , um depósito de boas e más intenções - apenas um referencial que acumula e amealha atitudes. Não se sabe mais como agir, tudo tem que ser filtrado observado e julgado pelos filtros do que vale à pena ser feito. Esse processo de imagens e resultados é a

Liberdade, Igualdade, Fraternidade

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“A Tomada da Bastilha” por Jean-Pierre Houël (1789) A grande revolução social - a francesa - erigiu este lema: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. A Queda da Bastilha consolida os ideais revolucionários. A liberdade se instala, já não se mantêm confinamentos e torturas destruidoras do homem. A Queda da Bastilha na prática e simbolicamente realiza o ideal dos cidadãos livres: é a prisão destruída. No final do século XVIII, com a Revolução Francesa, a Queda da Bastilha, a consolidação da independência dos Estados Unidos rompendo com a Inglaterra, assistimos à expansão dos ideais de não submissão a governos absolutistas e a reis déspotas. Duzentos anos depois, no século XX, não conseguimos entrar no reino da igualdade, malgrado todo esforço do socialismo soviético. Suas dachas escureceram esse ideal. No século XXI acirram-se as contradições, a desigualdade é tão forte que ameaça a liberdade. Os indivíduos pensam apenas em sobreviver, não importa como. Tragados pelos mercad

Apegos e garantias

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Querer manter o que sustenta é criar monotonia. Equivale à redução ou ampliação de espaço. Nesse sentido a satisfação de necessidades é sempre uma garantia que leva à diminuição da realização de possibilidades. Essa gangorra, essa oscilação descentraliza ao criar pendularidade. O tic-tac constante esvazia. São criadas regras, dogmas, deveres. Vive-se por e para , transformando o como em repetição. Até as crianças, que tinham uma vida caracterizada por poucos compromissos, agora têm agendas e vivem preparando o futuro. Enjaular, organizar são palavras de ordem. Tudo é organizado e sistematizado em função da aquisição de know-how , de habilidades para o futuro. O que se desenha nestes próximos 9 bilhões de habitantes é asfixiante. Galgar novos espaços é antes de mais nada criá-los, as complexidades situacionais aumentam. Estagnação é uma constante. O ser humano busca se adequar aos processos que o desumanizam. A falta de discernimento, o buscar vencer, a concorrência que se es

Evidência e inferência, testemunho e dedução

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Toda percepção está submetida a uma relação de Figura e Fundo. Essa lei perceptiva é fundamental para explicar variações perceptivas, para explicar as distorções, tanto quanto para entender quando o testemunho, o dado perceptivo é uma apreensão das configurações existentes. Vivenciando o presente no contexto do presente, o percebido, o que ocorre, o que se mostra é a Figura e o Fundo também é o presente. Sempre se percebe a Figura, o Fundo jamais é percebido e quando ele passa a ser percebido graças à reversibilidade perceptiva, ele passa a ser Figura. Perceber um acontecimento que agora ocorre no contexto - Fundo - de desejos e expectativas cria distorção e assim o que acontece é categorizado em função de outros referenciais que não os do ocorrido. Isso gera inferência, dedução que acumula percepções às da evidência existente. Esses acréscimos causam distorções perceptivas. Não se percebe o que está ocorrendo no contexto que ocorre e sim no que se teme ou precisa que ocorra. E