Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2013

Extrapolações

Imagem
Deparar-se com qualquer situação, avaliando, negando e afirmando suas possibilidades e impossibilidades através de critérios alheios à situação que está ocorrendo, distorce o percebido. As conclusões não decorrem da estrutura percebida e sim dos próprios critérios. Este autorreferenciamento, além de invasivo, é destruidor do que se pretende compreender. Extrapolar dados é distorcer, é por exemplo, negar problemas enfocando-os sob os próprios pontos de vista, a partir das próprias necessidades. Mães que não sabem o que fazer diante da depressão e angustia dos filhos são aquelas que não se relacionam com os mesmos desde muito; fazer qualquer coisa é um ato livre que não cabe nas cadeias do medo e comprometimento. Entregar o problema dos filhos aos psicólogos, educadores ou autoridades punitivas, é para elas, a solução. Esta extrapolação, cria nova métrica, ritmos diferentes dos da própria relação entre mãe e filho - dois seres, duas pessoas. Entrincheirar-se em certezas ou medos é

Bulimia

Imagem
Bulimia é um dos deslocamentos da ansiedade . Este deslocamento é feito através de exagerada ingestão de alimentos, tanto quanto, ela, a ansiedade, é reabastecida por este mesmo deslocamento. O cerco se fecha. Quanto mais come para aplacar ansiedade, mais ansioso se fica, assim como mais desesperado em constatar um dos efeitos desta atitude: a engorda. Diante da constatação do limite (o corpo engordando), engendra-se soluções impossíveis: não engordar, esquecer o problema (o que causa a gordura) e se agarrar no resultado solucionador: vomitar o acumulado, jejuar, ingerir remédios emagrecedores e diuréticos; isto é vivenciado como neutralização de todos os problemas. A maioria das pessoas bulímicas têm peso normal e conseguem esconder seus problemas alimentares e ansiedade atrás de uma aprência física "normal": engordam e emagrecem em curtos períodos e se desesperam diariamente no esforço de manter suas práticas alimentares desapercebidas por familiares e amigos (tanto o com

A psicoterapia dinamiza, a problemática imobiliza

Imagem
O questionamento é a alavanca, o combustível que permite continuar a trajetória humanizada, a dinâmica de ser no mundo. Posicionado e imobilizado, cercado e identificado pelas próprias dificuldades e problemas, o indivíduo colapsa, perde dinâmica. Toda sua movimentação é na construção de máscaras, pontes e artefatos para atingir soluções e assim se dividindo, se fragmentando. O outro, enquanto terapeuta, através do diálogo, ao globalizar os pontos de fragmentação, os núcleos de não aceitação, possibilita que o indivíduo tenha novas percepções acerca dele próprio. É um momento de dinâmica que altera a imobilidade do ajuste/desajuste gerado pela problemática, pela não aceitação e sintomas. Quanto mais questionamento, mais mudança; quanto mais busca de solução dos problemas mais desgaste, mais deslocamento, mais metas e desejos de resultados saitsfatórios, consequentemente de ansiedade. No posicionamento imobilizador gerado pela problemática, a ansiedade é uma constante. Tentati

Aprisionado ao bem-estar

Imagem
Adaptação, acomodação, adequação são frequentemente sinônimos de limites, renúncias e aprisionamentos. Manter compromissos, negar a própria vontade, disfarçar desejos, esconder e negociar motivações é uma maneira de construir alienação, despersonalização. Nada mais tranquilo, neste contexto de alienação, do que o previsível, o certo e limitado. A organização realizada por aderências - padrões e regras - é o que existe de mais alienante e aprisionador. Sem determinação não há iniciativa; vive-se a ilusão de ter iniciativa através da chamada escolha. Este acaso arbitrário - a escolha - é muito valorizado por trazer colorido à vida. Brincar disto ou aquilo, de sim e não, é fazer de conta que existem dúvidas conflitantes, que existem possibilidades de escolha. Nas vivências comprometidas não existem antíteses, nada destoa do bem-estar e adequação: dúvida entre comer carne ou peixe, por exemplo, quando se tem comida, não é desesperadora; enlouquecer por não conseguir escolher um d