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Mostrando postagens de setembro, 2011

Hybris e onipotência

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A não aceitação de limites possibilita vários deslocamentos, um deles consiste na tentativa de ultrapassar o limite. Essa desconsideração do que está diante é gerada pela onipotência oriunda do autorreferenciamento. Ao se perceber impotente, surge aceitação ou não aceitação desta vivência. Recolhimento ou exacerbação vão caracterizar esta constatação. A onipotência é um deslocamento da impotência. Não existem duas situações: onipotência e impotência. A impotência não aceita e deslocada, configura a onipotência. A construção de imagens, máscaras aceitáveis é característica dos que vão além da própria dificuldade, atingindo bons resultados que camuflam e parecem neutralizar os limites. Gigantes de pés de barro nascem. Escorar-se nos bons resultados obtidos, exibí-los, é uma atitude indicativa de que problemas foram superados e assim agindo aumenta a necessidade de mostrar, de exaltar o conseguido. Na atitude onipotente, a vida é resultado, não é processo; não importa como foi c

Limites e transformações

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Aceitar o limite é transformador. Quando a percepção muda, o que antes limitava passa a ser percebido como um contexto, como realidade na qual o limite está estruturado, ele já não é um obstáculo. Esta evidência gera mudança podendo criar, entre outras coisas, liberdade, responsabilidade e autonomia. Exemplifiquemos com algumas situações: uma do herói, outra do cidadão comum, outra do sobrevivente oprimido. Sísifo, apesar de mortal, desafiava os deuses gregos (era, ele próprio, filho de deuses e tido como muito inteligente e rebelde). Em uma das versões do mito, Sísifo é castigado por tentar salvar Prometeu, o titã condenado por Zeus por ter roubado o fogo para entregá-lo aos humanos. O castigo de Sísifo consistia em diariamente carregar uma enorme pedra até o cume da montanha, pedra essa que era empurrada de volta à base, obrigando-o a novamente carregá-la montanha acima dia após dia. Depois de muito esforço e desespero, Sísifo percebeu que seu castigo não era apenas levar a

Monotonia

Quando o aderente é o fundamental o ser humano se escraviza ao que o aliena. O vício (não conseguir desempenhar suas funções, não conseguir viver sem estar alcoolizado; a droga como sedativo constante do sofrimento, da dificuldade de estar no mundo com os outros), o viver em função dos outros, ou em função das aparências, ou das instituições que dignificam, que conferem status são formas de aderência. Intrínseco, imanente é o constituinte, o legítimo. Imanente ao humano é sua possibilidade de relacionamento com os outros, consigo mesmo e com o mundo. Transformar esta possibilidade em necessidade de relacionamento, em carência * faz surgir aderência explicitada gradualmente em satisfação e insatisfação. Possibilidades exercidas não são quantificáveis ou " quando se trata de direito não há legitimidade ", como dizia Luypen, fenomenólogo holandês. Não se discute a legitimidade de caminhar, embora se discuta para onde se pode ir. Dirigir as possibilidades para

Despersonalização

Despersonalização é o que acontece quando se vive para ser ou não ser o que os outros (pai, mãe e mais tarde os amantes e amigos etc) desejam que seja. As imagens construidas existem para compor os diversos personagens. Rebelando-se ou atendendo as expectativas ou imposições, sendo ou não, o que se espera que seja, o indivíduo se circunstancializa, começa apenas a concordar ou a discordar com o que lhe é proposto; surgem os enquadrados, ajustados e os revoltados, enfim os marginais. Ambos estão cooptados pelos sistemas, ambos sem autonomia. Não questionam, não fazem perguntas apenas respondem, reagem ao proposto.  Este processo não cria individualidades, entretanto, estabelece espaços, posições, direitos e deveres que demarcam e estabelecem seus caminhos e motivações.  A permanência destas aderências, destas "externalidades" inicia o processo de despersonalização. Vive-se para conseguir realizar propósitos, atingir situações à partir das quais pode ser alguem so