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Mostrando postagens de janeiro, 2013

Reivindicações

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Olhar em volta e nada ver, este vazio, solidão ou desespero é resultante da falta de autonomia. O ser humano, enquanto organismo, não sobrevive sem autonomia, sem que o organismo realize suas funções básicas: assimilação/desassimilação, locomoção, sinalizações relacionais (cognição/percepção). O ser humano, como ser relacional, subsiste e coexiste com o outro. Quando este relacionamento é estruturado em autonomia recíproca, as relações fluem, existe disponibilidade; entretanto, quando falta autonomia surgem os apoios, as muletas ou usos, as adequações ou inadequações. Não querer ficar só, precisar de alguém, querer colorir o dia a dia, são sintomas desta dependência, desta falta de autonomia. Grandes sofrimentos, depressões por ser abandonado, desapareceriam se fosse percebida a fraqueza, o medo, o vazio a ser preenchido - não é o outro que falta, é o vazio que persiste. O espaço desocupado é a muleta quebrada ou roubada; vivencia-se a falta, o abandono, quando em verdade o que é sen

Perguntas e Respostas

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Kafka em seu livro "Parábolas e Fragmentos" diz que não entendia como as perguntas dele não obtinham respostas, comentando ainda não entender como podia fazer perguntas. * Perguntas são fundamentais para questionamento e mudança, podendo também ser impeditivas de constatações e reflexões quando transformadas em busca de respostas substitutivas das próprias vivências. A pergunta deve resultar da dúvida, do questionamento, da antítese e não ser um recorte verificador de regras e padrões. Perguntar a alguém por alguma coisa é um direcionamento que supõe outras realidades além das configuradas. Esta expectativa gera necessidades responsáveis por familiaridade, estranhamento, dúvidas e certezas; cria e aplaca ansiedades. O estabelecimento de posições, o acreditar em delineamentos e descobertas, antes de qualquer coisa funciona como trincheiras, abrigos e caminhos a conquistar e desbravar. Este se por em cheque, faz aprender, adequar tanto quanto padroniza e adapta. Mata

Intranquilidade

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Intranquilidade é a dificuldade de se deter no que se propõe, é também o determinante de ansiedade, carência e medo. Não conseguir se concentrar no que é vivenciado, a incapacidade de ser absorvido pelo presente gera ansiedade, gera medo; é uma falta que estabelece reinvindicação desejo e carência. A intranquilidade se constitui em dínamo, propulsão ao comportamento. Vive-se para realizar, para conseguir, para demonstrar que pode, consolidando-se assim a impossibilidade de se deter, ou seja, a não vivência do presente. Acontece que o presente existe e demanda presença, tem que se por os pés no chão. As drogas miraculosas são pára - quedas, artefatos que possibilitam as aterrissagens: o mundo desmorona, os próprios desejos são fantasmas, mas se consegue ficar calmo, aparentar bem-estar.  Em situações de intimidade, em situações limites onde a presença é necessária, os artefatos são dinamitados. A impotência, a incapacidade de lidar com os limites, expressa as artimanhas

Impedimentos

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Quando a constatação do que se quer, do que se gosta é vivenciada em estruturas apriorísticas, surge necessariamente a descoberta da impossibilidade, do medo e da dificuldade. Nestes casos, atingir o que se deseja só é possível quando se rompe o medo, o preconceito, quando se abre mão de garantias, certezas e vantagens.  Jogado neste embaralhado de desejos e medos, se inicia um processo de mudança, de se perceber de maneira nova, que pode ser liberador embora sempre conflitivo e fragmentador. Perceber as próprias divisões e contradições pode nada significar se isto é vivenciado de uma maneira fragmentada e circunstancial. A ultrapassagem dos conflitos pela realização do que se deseja, pelo rompimento da omissão, do medo, cria nova realidade, determinando vivências de encontro. Mudança é superação de padrões aprisionantes e limitadores. Abrir mão do inadequado é fácil, entretanto se torna difícil se ele for algo considerado bom, algo que traz alguma vantagem, que é conveni

Renúncia - Unificação de Contradições

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A única maneira da renúncia se efetivar é através do desprendimento, da disponibilidade. Desapegar-se é um caminho para a renúncia, um caminho possível somente quando se é questionado no autorreferenciamento e suas implicações de motivações vivenciais. As garantias responsáveis pela satisfação de necessidades são também aprisionantes. Manter-se dentro destes referenciais neutraliza descobertas, implicando principalmente na renúncia à liberdade. A renúncia por apego ao que satisfaz impede a disponibilidade, impede a unificação das contradições opressoras, cria os renunciantes apegados, aqueles que buscam salvação através do bom funcionamento, da obediência constante e da salvação eterna. Desprendimento é a não avaliação, o largar; como já dizia o poeta "… e um gesto irônico ao que não alcanças" * Abrir mão, soltar, largar, não reter é renunciar. Aceitar limites só é possível quando se renuncia a metas, propósitos e desejos. Entender que a morte faz parte da v