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Viabilizar

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      Fazer parte, propiciar, estar junto é o que permite viabilizar. Essa atitude pode ter objetivos bons ou ruins. Pode-se viabilizar bondade, pode-se viabilizar maldade.   O fazer parte, o estar junto deve sempre ser questionado. Do que se faz parte? Qual o objetivo básico deste grupo? Mesmo em família essas questões são fundamentais. Fazer qualquer coisa para garantir o lugar de classe do opressor ou do oprimido, por exemplo, são atitudes discutíveis. Dividir grupos, almejar resultados são ações péssimas enquanto conveniência. Da mesma forma, manter privilégios, respaldando-os, mantém, ao mesmo tempo, inferioridade, pois elas são demarcadas ao estabelecer grupos. E por fim, apaziguar é estabelecer e facilitar manipulação.   Individualidades desaparecem nos aspectos que as representam: dinheiro, conhecimento, traços físicos. É assim que são criadas minorias e maiorias. Os discriminadores e os discriminados. O poder para discriminar está sempre n...

A reversibilidade do existir

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      É uma ilusão o indivíduo achar que tomou uma decisão imutável, que está determinado a, que tem determinação para, assim como é real e verdadeira a sua apreensão das contradições que criaram desequilíbrios e incertezas e levaram à tomada de posição, ou seja, ao estabelecimento da chamada determinação. Posicionar-se como determinado a, reduz variáveis e gera limites, que além de reduzirem dimensões da existência, podem também explicar e possibilitar novas decisões. A própria mobilidade ou liberdade para decidir, gera restrições.   Todo compromisso implica em renúncia, e contínuas renúncias comprometem definitivamente. A reversibilidade infinita do existir é a única permanência. A imobilidade da variação é paradoxal. Esse universo quântico, esse ser o que o outro lhe permite ser, é estruturante, mas também desagregador quando essas permissões restringem participação e questionamento. Regras ditatoriais, gangs organizadas para roubar e matar exemplificam es...

Centenário de Mãe Stella de Oxóssi - Liderança religiosa inesquecível

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Mãe Stella de Oxóssi e Vera Felicidade no Ilê Axé Opô Afonjá em 2004    Todos que vivem e morrem deixam marcas. Essas marcas são abrigadas pelas memórias de seus familiares e mantidas pelos seus grupos por pouco ou muito tempo. A continuidade das presenças pessoais, após suas mortes, varia em função dos contextos que as abrigavam. Os que são líderes de comunidades propiciam essa continuidade principalmente ao efetuar mudanças e questionamentos. O conjunto de mudanças é propulsor e dinamizador. Mãe Stella de Oxóssi é um desses expoentes. Ainda adolescente ela foi iniciada em uma comunidade religiosa, que em sua época era considerada uma seita e não uma religião, uma seita menosprezada e mal vista, precisando ser coberta por mantos sincréticos, socialmente e religiosamente aceitáveis. Era o manto da legalidade que corrompia e disfarçava o autêntico, as origens africanas e tribais.   Mãe Stella foi eleita mãe de santo em 1976, amadureceu ideias e entrou...

Convergência

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    Quando tudo conflui para o mesmo ponto, para a mesma direção, parece que um imã polariza. É a convergência. Poucas vezes isso acontece no dia a dia, pois a convergência exige transposição de limites e de circunstâncias. Estar imantado, polarizado para um mesmo ponto, não é seguir um padrão, não é ser conduzido. A convergência requer transcender os situantes. Assemelha-se a uma forte corrente formada por várias correntezas que é puxada para um mesmo objetivo. Dias atrás, nas cerimônias do enterro do Papa Francisco percebemos essa convergência, essa transcendência de limites, situações e objetivos. Tudo convergia para o momento do sepultamento. As situações de convergência são configuradas por direções transcendentes que agrupam e organizam o convergente. É como se fosse criado o onde chegar, o que atingir independente de quem e como é atingido.   Convergir é ir além dos próprios constituintes situacionais, é o pulo do gato, é o pulo do abismo, às vezes o pulo ...