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Mostrando postagens de novembro, 2018

Artificialidade

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Quando alienado e transformado em produto, o ser humano aspira ser compreendido, considerado e aceito. Ser aceito se constitui em uma armadilha, pois não se aceitando e querendo ser aceito, o indivíduo já espera, quer do outro o que ele próprio não consegue: se aceitar. Testes e experiências são feitas para conseguir a validade da aceitação recebida, tanto quanto cada vez é mais artificial o contato estabelecido, pois tudo é realizado por meio de outros parâmetros, outras realidades, surgindo assim, a realização construída em outros referenciais. Escamotear, seduzir, apresentar credenciais e vantagens são os trunfos utilizados para competições, para o processo de aceitação. Quanto mais aceito, mais artificial, pois foi reduzido ao que funciona como aceitável. O líquido dispersa-se, o construído tem que ser mantido e isso custa empenho, engano e disfarce. Cada vez é mais caro manter o fabricado, o artificial. Cansaço e tensão aparecem. É o que é atualmente chamado de Síndrome

Desvarios

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Para algumas pessoas, aceitar limites é se sentir condenado à mesmice. Acham que se curvando ao que está diante delas, à sua realidade, vão ficar sem saída, apequenadas. Essa ganância, avaliação e desespero, quando vivenciadas enquanto prepotência criam os dedicados a metas, projetos e desejos que solidificam suas buscas desenfreadas. Pensam: “a única maneira de encontrar os limites do possível é buscá-lo no impossível” . Inventam, sinalizam o que é possível e impossível em função dos próprios desejos, das próprias frustrações. Querer ser rico, por exemplo, quando não se tem contexto e quando se tem ambição, meta e desejo de sê-lo, faz com que se estabeleçam as regras de tudo conquistar e para isso não há limites, pode roubar, enganar, matar, corromper, ser corrompido. O desejo de ter alguém, quando se sente sozinho, cria modus vivendi caracterizado pelos enganos, seduções e utilização do que pensa ser necessário para consecução do objetivo. Desvios ou atalhos são consider

Aspectos que desmascaram

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Neurose é o processo gerado pela não aceitação de si, da própria estrutura familiar, social e econômica. Não aceitando as próprias características biológicas (aspecto físico, sexo, cor de pele, tamanho das orelhas, cor dos cabelos etc.), não aceitando a família pobre ou a família rica com seus consequentes limites e características socioeconômicas, sendo percebido pelos pais, ou substitutos, como entraves, o indivíduo não se sente aceito pelo que é, mas sim pelo que pode ser, fazer ou realizar. Ao não se aceitar, não ser aceito, o indivíduo busca atingir o que é aceito pela sua família e pelo sistema social que o situa. Estabelece metas, objetivos a partir dos quais, se atingi-los, será vencedor. Essas metas nem sempre são atingidas, surgindo os frustrados, os despersonalizados, os desumanizados. Quando as metas são atingidas surge o vencedor, o realizado, o que conseguiu chegar onde queria - venceu. É rico, é pobre, despoja-se do supérfluo que envergonhava sua família corru

Reconhecimento e encontro

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Identificações provocam encontros estruturados em expectativas. Desde Platão que se pensava em andróginos que se completam, atualmente resumidos nas metades que se encontram. Descobrir o par é um milagre, encontrá-lo depende de buscas persistentes. Focado na meta, no desejo de complementação, os seres realizam seus propósitos, tanto quanto conhecem enganos e decepções. Encaixar peças, complementar quebra-cabeças e ver o vento tudo levar, causa desespero, tristeza. As circunstâncias, as contingências esclarecem sobre a fragilidade das construções, dos castelos de areia. Nada precisa ser construído ou reconhecido quando há integração. Esse processo tudo engloba, novas realidades surgem e a vivência do despertar, do descobrir são contínuas. O outro é o duplo que tudo evidencia, esclarece e motiva. O encontro dispensa o reconhecimento, não há preexistência, tudo é novo. Exatamente por isso, fica claro que não adianta buscar o complemento, não adianta investir na companhia,

Atrito

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Se todo dia tivéssemos que entender, que começar e estabelecer o que fazer com nós próprios, com o outro e o que está em volta, tudo seria impossível. Continuidade é fundamental. Não ter interrupção, não ter marcas de início e final, não ter caminhos impedidos, cancelas e portas limitadoras é o que possibilita fluir e realizar. Montar esquemas, criar palcos, começar, recomeçar estabelece limites arbitrários que funcionam como demarcadores. Girar uma válvula e ter água, abrir a porta da geladeira e encontrar alimentação, olhar o espelho e se reconhecer é continuar, é estar apto a realizar as próprias possibilidades. Ter que recriar-se, descobrir onde começa o fio d’água que enche a latinha nocauteia ao criar limites exíguos. Pouco espaço, atrito constante, dificuldade para circular entre tiros, manutenção do ritual do encolher-se para não ser visto pelo amigo que grita e agride, evitar os freios abruptos dos circulantes cria esquemas, regras tensionantes. Tudo que quebra a co