Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2016

Antítese e oposição

A dialética dos processos consiste em antíteses, em oposições, entretanto, nem sempre se vivencia este processo, nem sempre se vivencia este movimento, pois se está ancorado em algum bem-estar ou mal-estar. Imaginar que não pode quebrar, que não pode mudar o momento feliz, que não pode mudar o processo considerado perfeito ou, por outro lado, que nada vai salvar nem mudar a infelicidade do que se vivencia, é um exemplo deste pensamento, deste autorreferenciamento otimista ou pessimista. Tudo muda, tudo se movimenta, este é o contexto humano, tanto quanto sempre podemos estar posicionados, sempre podemos estar situados. As passagens são feitas em volta de referenciais, e a percepção da imutabilidade, às vezes da eternidade, daí decorrem. A continuidade deste estado gera uma vivência de não contradição, mas esta vivência é tanto realizadora, quanto anestesiadora. Estas possibilidades antagônicas - dualidade - são uma maneira de recriar movimento, de recriar contradição. As grandes hi

Aplacamento - reificação ad infinitum

Na falta, às vezes, qualquer coisa completa. O complemento é o preenchimento que aplaca. Fome e sede, sempre que são satisfeitas e saciadas estabelecem bem-estar, neutralizam desesperos e anseios. A continuidade destas vivências cria a busca e a espera. Estas demandas propiciam direção e objetivos, ou seja, em função de faltas são estabelecidos mapas, padrões e sistemas sinalizadores do que resulta bom, do que supera desvantagens e aplaca prejuízos. Esta vivência binária, de ter ou não ter aplacadas as necessidades básicas, transforma as possibilidades relacionais humanas em constantes, em frequentes realizações de comportamentos endereçados ao objetivo de buscar satisfação, de evitar insatisfação, de evitar resultados frustradores, que não atendem ao pretendido como satisfação necessária à sobrevivência. A repetição gera a manutenção do processo responsável pela substituição de possibilidade em necessidade. Tudo tem que ser preenchido e realizado, o ser humano torna-se máquina q

Oprimidos e submissos

Opressão e submissão andam juntas, embora o conceito de opressão seja mais utilizado para caracterizar situações sociais e políticas, enquanto o de submissão fica reservado a atmosferas menos amplas, mais íntimas, como a família e relacionamentos pessoais, por exemplo. Opressão e submissão existem quando há poder,  autoridade que configura as regras, os domínios e as posses, que determina o que se pode ou o que não se pode realizar, pensar e até mesmo almejar. Os regimes, os sistemas absolutistas que exerciam poder até a Revolução Francesa, foram destruídos e substituídos ao longo dos últimos dois séculos por democracias nas quais a igualdade, o direito, a cidadania são os pilares de suas proposições, inspirando-se no que aconteceu na Grécia Antiga, a primeira democracia (poder do povo) existente. A democracia, em última análise, se caracteriza pela representação do povo no poder. Representar é colocar em outros planos o representado, é um deslocamento, uma engenhosidade estratégic

Restrições e realizações

As supostas liberdades ilimitadas são sempre invocadas quando se critica regras, métodos e parâmetros determinantes de comportamentos. Qualquer pessoa pode ser o que desejar, em qualquer esfera: das sociais ao exercício individual de seus desejos afetivos relacionais. É um fato, é uma realidade, é o exercício de possibilidades. Entretanto, esta possibilidade de realização só se exerce quando há determinação, quando há adesão ao que se deseja vivenciar. Não é por ensaio e erro, por jogos aleatórios no exercício do que se quer, que se formalizam as determinações. As vivências geram comprometimentos, afetos, apegos, desapegos, tanto quanto implicam em satisfação ou insatisfação. Elas não são exercícios de poder ou de querer, inocuamente realizados. Elas impõem escolhas, impõem renúncias que sempre delineiam necessidades, temores e prazeres. Quando se confunde necessidade com realização, surgem dicotomias e indiferenciações responsáveis pelo “querer é poder”. Centralizar as escolhas