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Prepotência

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    Achar que tudo o que se quer fazer, que tudo o que se deseja pode ser realizado é uma ilusão. Esse viver nas nuvens, na fantasia, esse faz de conta alimentado por inverdades, invenções e desejos é também criador de muitos medos. O pai super poderoso, o patrão que impõe suas decisões são derrubados quando a realidade mostra suas fraquezas. A prepotência se desmancha, o gigante é percebido com seus pés de barro. Perceber os artifícios, as mentiras dos poderosos faz recuperar possibilidades. Quando se percebe que o que apoia oprima, e ainda, que está construído sobre pretextos, todo o dito poder e as situações ficam esclarecidas. Em política é muito comum as atitudes prepotentes como única maneira de salvar o que já está derrotado. Nas famílias, pais e mães prepotentes são destituídos de seu poder ilimitado, pela realidade, e o pior, quando desmascarados perdem também o respeito de seus filhos. Desacreditados pelo outro ou pela realidade, a prepotência arrefece, mas, ess...

Corrida de obstáculos

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    Não agir, apenas esperar e apostar, nos retira do chão, da realidade, do presente. Passamos a transitar em um mundo de sonhos e expectativas. Transformar os processos vitais e relacionais em meta, jogá-los para depois gera ansiedade. É a ansiedade que nos arranca do chão. Ela é equivalente a um furacão que solapa e derruba.   Não há como viver com expectativa, pois ela implica em negar o que acontece, inventando o que pode acontecer, e isso pode ser o desejado ou o indesejado. O pavor do que pode acontecer, ou a ânsia, a torcida pelo que se quer que aconteça são alienantes. É inviável viver, andar ou estar na realidade agarrado na nuvem do depois.   Quanto maior a expectativa, para o bem ou para o mal, maior a tensão estabelecedora de ansiedade. Viver dedicando-se ao que vai acontecer, seja pelo medo, seja pelo desejo esvazia, acarretando ansiedade. Toda expectativa, das mais graves como o desenrolar de uma doença, às mais corriqueiras como realização...

Astúcia

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    Precisando de escadas para atingir seus objetivos, e não as encontrando, o ambicioso recorre a maldades, transformando outros seres humanos em caminhos para condução e realização de seus propósitos. Isso é desumanizador. Pais utilizam filhos e filhas, assim como é também maldade filhos e filhas arruinarem seus pais para conseguirem manter seus desejos. Esconder a maldade, transformá-la em algo simpático é o ardil, “o cavalo de Troia” que oculta a pessoa escusa. A astúcia é delapidar sentimentos, é cooptar intelectualmente revoltas e discernimentos para composição de suas maquinações realizadoras de desejos que desumanizam. Ao virar massa de manobra – dos sistemas sociais, das condições de sobrevivência e das famílias utilizadas como bala de canhão – o humano estertora, desaparece sob os tacões do oportunista, da maldade e da mentira. Escola, família, grupos de trabalho, grupos religiosos são cenários nos quais se pode perceber a atitude astuciosa, maldosa e destruidora. Me...

Diferenças entre abandono e perda de apoios

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  Ninguém vive isolado, estamos sempre convivendo e esse convívio subentende encontros, combinações, alianças, e até pactos ou acertos que se fundamentam em confiança e apoiam o dia a dia mesmo que não sejam explicitados ou discutidos. Aliás, na maioria das vezes, eles são tomados ou assumidos como certos, como garantidos.  Sentir-se abandonado é a vivência que resulta da quebra do que foi acertado. Não é simplesmente o compromisso que é quebrado, é a crença no outro que é destruída. Acreditar no outro, estar junto sem dúvidas nem medos, estrutura bem-estar, é o encontro. Então, sentir-se abandonado é vivenciar um terremoto, tudo treme, nada mais é estável ou garantido, tudo mudou subitamente. Essa surpresa, essa descoberta é aniquiladora, é como se o chão se abrisse, só existe abismo, não há onde caminhar. A vivência é de que tudo acabou, tudo mudou, nada resta. Essas vivências são frequentes nos relacionamentos afetivos e vêm sempre acompanhadas da descoberta, da evidênc...

Vitórias e fracassos

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  Ninguém vai negar que é melhor o que resulta em vitória do que o que resulta em fracasso. Entretanto, todo mundo sabe que às vezes a vitória ou o fracasso são modalidades de casos genéricos, contínuos. Muitas vezes a vitória é o fracasso e vice-versa. Tudo depende do contexto. Se viver é reduzido a metas, desejos e situações a realizar e conseguir, ele é o chão que nutrirá vitórias e fracassos. É viver para conseguir realizar. Nesse contexto, busca-se modelos, o pai alcoólatra, por exemplo, ensina, pois ele se constitui em um emblema que grita: “beber faz mal”. Mas, pode ser também indicador de soluções problemáticas: “o único que se pode fazer na vida é beber, a vida é amarga, o álcool adocica”.   Viver em função de resultados, ou da descoberta do sentido da vida e do que está acontecendo, é, em tese, se colocar como fracasso, como impossibilidade, é achar que deve melhorar, o que implica em se perceber como atrapalhado e cheio de limitações irreversíveis.   ...

Cair em si

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      Cair em si é descobrir possibilidades e impossibilidades, é perceber como não se conseguiu realizar desejos, ou ainda, que quando os mesmos são realizados, tudo é esvaziado. A vida não é um jogo de perde e ganha. Ela é um processo que, quando iniciado, dispara propósitos e configura caminhos. Esses caminhos, na maior parte das vezes já existem, resta agora trilhar e, ainda, poder mudar direções e sinalizações. Não é preciso criar novos mundos, tampouco caçar, matar um leão por dia, é preciso apenas caminhar, apreender direções, vencer obstáculos, e também criar obstáculos a tudo que despersonaliza, prejudica e destrói. Vida é decorrência, decorrência possibilitando novas decorrências, onde não existe causalidade nem sincronismo. Esse aparente, improvável, contraditório – a continuidade relacional – é o que nos situa, submerge, constrói e destrói.   Descobrir o imponderável – o instante – possibilita a descoberta e a continuidade, possibilita integraçã...

Viabilizar

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      Fazer parte, propiciar, estar junto é o que permite viabilizar. Essa atitude pode ter objetivos bons ou ruins. Pode-se viabilizar bondade, pode-se viabilizar maldade.   O fazer parte, o estar junto deve sempre ser questionado. Do que se faz parte? Qual o objetivo básico deste grupo? Mesmo em família essas questões são fundamentais. Fazer qualquer coisa para garantir o lugar de classe do opressor ou do oprimido, por exemplo, são atitudes discutíveis. Dividir grupos, almejar resultados são ações péssimas enquanto conveniência. Da mesma forma, manter privilégios, respaldando-os, mantém, ao mesmo tempo, inferioridade, pois elas são demarcadas ao estabelecer grupos. E por fim, apaziguar é estabelecer e facilitar manipulação.   Individualidades desaparecem nos aspectos que as representam: dinheiro, conhecimento, traços físicos. É assim que são criadas minorias e maiorias. Os discriminadores e os discriminados. O poder para discriminar está sempre n...