Continuamos aristotélicos


Continuamos aristotélicos. Isso é muito ruim, distorce e consagra explicações causalistas, dualistas e elementaristas como já escreveu Kurt Lewin em seu artigo "Teoria de Classe, Teoria de Campo". 
 
Antes, quando não se conhecia as estruturas e os processos contextualizadores dos fenômenos, não se podia estabelecer leis globalizantes esclarecedoras dos mesmos: as explicações dos acontecimentos, quando surgiam, eram pela via sobrenatural, pela via mágica ou pelo que se pensava ser "natureza própria" ou "estado natural" das coisas. 

Aristóteles dizia que as pedras retiradas do seu estado natural - terra -, pela sua natureza queriam voltar para seu lugar próprio - caiam no chão. As penas, as folhas, os corpos mais leves, quando se afastavam do chão, também estavam procurando seu lugar natural - o céu. Não se conhecia a lei da gravidade para explicar a queda livre dos corpos. 

Hoje, quando consideramos a violência, a velocidade, o excesso das grandes cidades como causa do estresse e do medo, datamos esse estresse e medo como índices de modernidade. Não é isso, é a impotência experimentada, vivenciada diante dos limites não integrados. Muda tudo pensar assim, integramos a relação, saímos do causalismo pontualizador (elementarista) aristotélico. 

Limite, impotência diante do medo, sempre existiram para o homem diante do "pélago revolto" (Camões), das doenças, do medo das cobras nas terras africanas, de Lampião no nordeste brasileiro etc. 


verafelicidade@gmail.com 

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