Adequação transformadora

 

Saber que se é o que se é traz tranquilidade e motiva para continuidade de vivências, de sentir-se apto e capaz de estar no mundo consigo mesmo e com os outros, transcendendo os limites das circunstâncias. Essa transcendência polariza energia e motiva para a apreensão das contradições que desnorteiam.

Entregue a si mesmo em questionamentos e descobertas o indivíduo atinge novas dimensões, renova constatações, aumentando suas crenças nas próprias possibilidades, pois ao abandonar caminhos endereçados, contingências e circunstâncias, ele realiza o caminho enquanto possibilidade e expressão de sua individualidade, de suas motivações. É o ir além dele próprio determinado pelas suas próprias motivações. Esse processo, esse ir além, só é possível enquanto autonomia, ou seja, autonomia é um processo que exila expectativas e no qual, consequentemente, não há ansiedade.

O predomínio da tranquilidade, da aceitação do que ocorre, do que se é, do que se tem, descortina horizontes de infinitas possibilidades. A vivência das mesmas é realizada enquanto aqui e agora, o que ocasiona um conhecimento discriminativo, um deter-se no que acontece que impede distorção, que neutraliza dúvidas e anseios. É a congruência determinante da coerência, do estar aqui e agora assim, confluindo contingências e nadificando-as pelos questionamentos estruturados pelas vivências disponíveis e não circunstancializadas. Assim se estrutura a fé, a certeza do estar no mundo com os outros em um processo: a vida, pois estar vivo é estar apto e disponível para polarizar questionamentos possibilitadores de mudança e integração com os dados vivenciados, é a congruência do humano enquanto transcendente de sua sobrevivência, de suas necessidades circunstancializadas. Encontro permite descoberta, é a adequação que transforma.

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