Higiene mental e psicoterapia

 



Frequentemente se ouve comentários deturpadores e críticas ao tratamento psicoterápico. “Para que psicoterapia? Não serve para nada”, “o que nasce torto, torto permanece”, diz a maioria, tanto quanto “o que se perdeu, o que não se fez, não há mais como recuperar, como fazer”. Essas visões limitadas a resultados, pragmáticas e unilaterais, não dão conta da diversidade relacional que configura o comportamento humano.

 

Não se faz terapia para isto ou aquilo, nem por causa disto ou daquilo, se faz terapia para se encontrar no mundo com o outro, para mudar o enrijecimento do medo, da angústia existencial, da mesmice das repetições viciosas. Psicoterapia é tratamento tanto quanto profilaxia, é higiene mental, e nesse sentido equivale a tomar banho, trocar de roupa, escovar os dentes. É cuidado, é tratamento, é limpeza, higiene, cuidar de si, cuidar do corpo, cuidar do ser. Michel Foucault dizia: “o cuidado de si é primordial então como atitude, uma forma de estar no mundo, um olhar crítico de nossas posturas e atitudes. Logo em seguida se torna uma reelaboração de nossa maneira de agir, de ter relações com os outros, de encarar as coisas”.

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