Indecisão


 

Toda vez que é necessário decidir é também necessário abrir mão, assim como segurar as rédeas, as direções do que se quer trilhar. A vivência dessa realidade, o enfoque desse processo, que é geralmente por problemas e não aceitações, é visto como perder oportunidades quando não se posiciona. A partir dessa percepção iniciam-se as avaliações: “posso ficar com ambas situações; não preciso desistir; tenho que compor forças”. Essas cogitações transformam decisão em uma imposição ocasional que pode ser adiada, disfarçada.

 

O tempo passa, as contradições se acumulam e o que era óbvio e fácil se transforma em dramática necessidade de escolher. Nesse momento, as contingências e oportunidades comandam as escolhas, chegando até a se descobrir que é mais fácil morrer que viver. A inversão de valores comanda o dia a dia, os deslocamentos se impõem, vícios, hábitos e medos (omissões) passam a governar o cotidiano. É assim que se instalam a depressão, a raiva ou o medo como reguladores da vida.

 

Decidir é participar, é determinar, é escolher entre ser e não ser, estar e não estar, é abrir mão. É segurar a contradição que transforma e não aliena. É continuar ao negar e ultrapassar descontinuidades.

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