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Mostrando postagens de julho, 2025

Balão de oxigênio

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      Aceitar ser vital ou fundamental para alguém é se coisificar. É virar o balão de oxigênio. É despersonalização e coisificação. De tanto ser útil, se nega como humano. É frequente essa vivência nas relações familiares principalmente entre mães e filhos e também a encontramos nas relações afetivas nas quais alguém se anula, se conforma, se reduz ao que é útil para ser aceito. Suportar, tolerar é frequentemente uma forma de omissão. Sacrifício e entrega não são atitudes que personalizam. A única atitude que personaliza é a da disponibilidade. É o dado relacional que cria novas configurações e permite que o novo seja o resultado do encontro. Assim, não há cais, não há amarras ou âncoras. Há oceanos de possibilidades responsáveis por novas configurações geradas por esse encontro, e desse modo as relações dinamizam. Quando isso não ocorre surgem posicionamentos, compromissos, apoios, vantagens, desvantagens e coisificação.   📕 ✔ Meus livros mais recentes - ...

Impossível

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    Anseios absurdos nos quais se admite que só o impossível satisfaz é uma característica da atitude onipotente. Lembro da peça de Camus, descrevendo Calígula e seu querer a lua, o impossível que o deixaria feliz.   Não aceitação da realidade, de seus limites e possibilidades é o que, pelo desejo e pelo medo estrutura a onipotência, que nada mais é que um deslocamento da impotência. Chega-se assim a não se admitir os próprios fracassos, dificuldades e medos.   Ao criar o mundo onipotente, se criam pontos que são obstáculos e também pontes solucionadoras. É um artifício complicado, pois envolve inúmeras variáveis. Tudo pode acontecer, desde que tais e tais coisas sejam escolhidas, sejam salvas. Realizar acordos e acertos, vivenciar novos projetos, uma vez que acordos e experiências anteriores sejam mantidas, é uma maneira de explicar os desejos e pactos onipotentes. É um quase ser rei, reinar sem súditos, ou esperar ter súditos mesmo quando não reina. É o i...

Desacordo

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    Muitos indivíduos ao constatar suas impossibilidades, dificuldades e problemas ficam raivosos, se sentem prejudicados. Têm raiva e inveja. Outros, diante de semelhante constatação enfrentam seus problemas, seus impedimentos e mudam, ficam felizes, satisfeitos, sabendo que mudar impedimentos é a solução, sabendo que vencerão o que impede a satisfação e o bem-estar.   A diferença entre essas atitudes pode ser resumida em aceitação ou não aceitação. Quando se aceita uma incapacidade ou um problema, começa o processo de cuidar, de se dedicar ao que atrapalha, ao que impede, enfim, ao problema, conseguindo, assim, nesse diálogo, nesse enfrentamento, nesse relacionamento, o completo domínio do malefício que atrapalha e de aceitação da inutilidade dele.   Quando se deixa de lado o que problematiza e infelicita, e se busca resultados, se inicia um processo de vitimização e parasitismo para conseguir o que não se tem, e a desonestidade, a mentir...

Rótulos

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      Rótulos são fundamentais para classificar, organizar e destacar. São a maneira pela qual se separa, e em certo sentido se identifica. Desde substâncias químicas em um laboratório até mudas de plantas em uma loja, rótulos são indispensáveis.   Rotular é sempre útil quando se quer organizar objetos principalmente. Essa ação útil é transformada em nociva e preconceituosa quando aplicada a pessoas, comportamentos e atitudes, desde que pessoas não são objetos, assim como comportamentos não são substâncias ou produtos catalogáveis.   A dinâmica do estar no mundo submetida a uma infinidade de motivações e contextos não é passível de encaixes, de delimitação e coagulação do ser humano em rótulos. Entretanto é o que frequentemente se faz. As pessoas são rotuladas segundo vários aspectos que se tornam pregnantes em função de atmosferas sociais e econômicas. Alguns dos rótulos mais encontradiços se referem exatamente aos aspectos sócio econômicos, e dentr...

Prepotência

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    Achar que tudo o que se quer fazer, que tudo o que se deseja pode ser realizado é uma ilusão. Esse viver nas nuvens, na fantasia, esse faz de conta alimentado por inverdades, invenções e desejos é também criador de muitos medos. O pai super poderoso, o patrão que impõe suas decisões são derrubados quando a realidade mostra suas fraquezas. A prepotência se desmancha, o gigante é percebido com seus pés de barro. Perceber os artifícios, as mentiras dos poderosos faz recuperar possibilidades. Quando se percebe que o que apoia oprima, e ainda, que está construído sobre pretextos, todo o dito poder e as situações ficam esclarecidas. Em política é muito comum as atitudes prepotentes como única maneira de salvar o que já está derrotado. Nas famílias, pais e mães prepotentes são destituídos de seu poder ilimitado, pela realidade, e o pior, quando desmascarados perdem também o respeito de seus filhos. Desacreditados pelo outro ou pela realidade, a prepotência arrefece, mas, ess...