Freios, desvios e capotagens – limites a transformar

 


 

É fundamental a transposição de limites na velhice, na doença e quando falta recursos para sobreviver (pobreza crônica). Nessas situações o ser humano é quase impedido de desenvolver suas possibilidades relacionais, mesmo as de sobrevivência.

 

Envelhecer se caracteriza pela diminuição da própria funcionalidade, pela perda da visão e da audição, principalmente. É um comprometimento que atinge as possibilidades perceptivas, e sabemos que conhecer é perceber pelos sentidos. É a percepção que estabelece as possibilidades dos processos relacionais. Problemas motores e outros não são tão comprometedores do processo perceptivo, mas também precisam ser enfrentados. O aumento de limites físicos, motores e cognitivos compromete a disponibilidade, o ir e vir. Quanto mais sejam suportados, contornados por exercícios e aparelhos, maiores as transformações do que limita.

 

A manutenção das perspectivas de vida vão depender da superação e aceitação dos limites restritivos. Vivenciar o presente enquanto presente, perceber que o que acontece é novo, é limitador, mas que também permite novas vivências, e abre perspectivas para ampliações perceptivas à medida que continuidades relacionais sejam reintegradas, como por exemplo, na vivência do que acontece enquanto reconhecimento, resumo vivencial da própria trajetória.

 

Estar vivo, no mundo com os outros é o que possibilita conhecer, decidir e realizar suas possibilidades humanas. É vida que, ampla de perguntas, oferece respostas, ou cheia de respostas tenta transformá-las em perguntas. É sobrevivência, é transcendência dia a dia exercidas.

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Comentários

  1. Estou lendo Além da Envelhescência, da médica Louise Aronson, que tem uma visão crítica da medicina com relação ao envelhecimento e uma visão humanizada da velhice e limitações decorrentes. Agradeço a você por texto, que nos lembra de algo essencial: viver é perceber, e perceber é estar em relação. A forma como você aborda a velhice, a limitação, e a pobreza — não como fim, mas como processo e campo de possibilidades — é humana e necessária.

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