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“Contradição é a regra da verdade, a não contradição é a regra do falso” – Hegel

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   Um dos principais fundamentos da dialética hegeliana é: “Contradição é a regra da verdade, a não contradição é a regra do falso”   ( Contradictio est regula veri, non contradictio falsi ).   O desenvolvimento do que se evidencia implica sempre e necessariamente em sua negação, é o equivalente a pensar que está aqui porque não está além, ou ainda, é isto, pois não é aquilo, é carvão porque não é neve, por exemplo.   Ser isto ou não ser aquilo é uma maneira de definir e esgotar universos. A afirmação do que existe implica em contradição, essa é a verdade dialética do movimento, da dinâmica e da totalidade. Ao perceber o relógio no pulso são contraditas outras configurações de relógio e de pulso para que, por exemplo, se afirme o relógio no pulso, mas ao afirmar que o relógio sempre está no pulso, essa é uma afirmação falsa, pois não admite contradição.   É infinito o número de situações atingidas quando utilizados esses crité...

Educação empenhada

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De uma maneira geral somos educados para conseguir sobreviver, ter sucesso e bom desempenho. Um lugar ao sol, melhorar de vida, não repetir as histórias de pobreza e dificuldades dos antepassados, assim como manter o poder e a riqueza familiares são, geralmente, os motivantes básicos da educação. Eles nos fazem viver para depois, para conseguir. Não basta estar vivo, motivado pelo que acontece, é necessário ter planos, propósitos e metas. Nesse sentido a educação é sempre uma plataforma, um contexto de desafios geradores de competição e ansiedade. É um pódio no qual nada significa, salvo o primeiro lugar. Ser o melhor, o mais rico e poderoso é o objetivo. Nessa caçada, o indivíduo é armado com vários instrumentos: olhe para o que está no alto, fique amigo de poderosos, faça parte de instituições socialmente significativas, não perca tempo com com quem não significa e apenas vai lhe fazer perder recursos. Essas são as regras.   Assim são criados os robôs, a fileira de treinados para...

Instabilidade

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    Instabilidade é uma consequência do movimento, desde que é ele que permite considera-la, vivenciá-la ou até mesmo questioná-la. No contexto do movimento, a instabilidade é constante. Quando determinamos estabilização nos posicionamos e ao fazer isso criamos antíteses criadoras de instabilidade.   Geralmente vivenciamos a instabilidade como realização da possibilidade de superação. Estamos falando daquele momento quando pensamos: “enfim cheguei”. É o que se atinge, é a segurança. Quando atingir é assim percebido e configurado surgem avaliações, medos, desejos e ansiedade. Essas vivências geram instabilidade, levando à desestruturação, ao medo de perder o adquirido, à necessidade de organizar ameaças. São certezas e ameaças que funcionam como terremotos que desestabilizam e criam inquietações. Nesse contexto, inquietação é exatamente o que se denomina instabilidade.   A falta de certeza quanto à continuidade, o medo de perder é a insta...

Comprometimentos

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    Neste mundo, nesta sociedade pragmática e utilitária, viver sem objetivos e sonhos, sem buscar a realização de desejos é um despropósito.   Não ter propósitos e objetivos caracteriza os desocupados, os deprimidos ou os que não sabem para que viver. Aparentemente essa é uma afirmação perfeita, objetiva e esclarecedora. À primeira vista é a afirmação do óbvio e o que se pode dizer ou criticar é que a realização de desejos pertence à esfera dos sonhos e nesse sentido foge aos padrões pragmáticos. Olhando de novo e nos detendo nas implicações, percebemos que no contexto dessa afirmação, viver não basta, não é suficiente, é preciso algo que o justifique. A busca de justificativa para o óbvio e pregnante é o início da desvalorização do humano, e, então, não basta viver, é necessário funcionar e realizar objetivos e vantagens úteis, edificantes e significativas.   Essa ideia cria os céus, os deuses e também os poderes terrenos, tais como: glória, fama, suces...

O enigma do cotidiano

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    Quando tudo é entendido como dinâmica e energia não se sabe se o que acontece está apenas acontecendo, não se sabe o antes e o depois, pois não há continuidade. Para estar no mundo com o outro enquanto possibilidade relacional não é necessário arrumar e organizar para se situar, e isso é bem diferente das realizações necessárias e contingentes dos próprios desejos e necessidades.   Incerteza é o não saber. Quando o não saber é vivenciado como algo diferente de uma constatação, ele se torna incerteza. Não saber é uma certeza, mas se é continuado enquanto verificação e dúvida transforma-se em um problema. Qualquer situação que não se esgote em si mesma, que continue, encontra outros contextos de referência, de relacionamentos, e passa, desse modo, a ser uma nova situação na qual nada está definido enquanto propósitos anteriores estruturantes.   Confiar no que se acredita estrutura certezas. Vivenciar essas certezas cria continuidades,...

Mentira é a tessitura do terror

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  Enganar é sonegar, esconder fatos e negar evidências. Forjar situações é o mecanismo que constitui a manipulação do outro. Essa atitude é muito frequente quando se tem por objetivo congregar votos ou opiniões para valorizar e aprovar os próprios projetos. A vida política é um exemplo diário disso. O que assistimos nos jornais, sites , lives e TVs também são comportamentos típicos, pois eles são porta-vozes do poder econômico e político. Arregimentam opinião.   O engano na vida pública já se sabe e é mais fácil questionar, discutir, esclarecer, apesar dos vários grupos e forças antagônicas confundirem propósitos e constatações. A situação fica mais grave quando é restrita à esfera familiar, ou ainda, aos relacionamentos conjugais. Enganar, nesse contexto, é destruir confiança, é transformar mentira em verdade, ilícito em lícito. A sonegação constante da realidade é um abuso inominável. Inventa-se, constrói-se mentiras, criam-se enganos para manter perversidades, cupi...

Insegurança

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  Sentir-se inseguro é sentir-se mal apoiado, e a questão principal não é ser inseguro, é o precisar de apoio. Usar pessoas ou situações como apoio é transformar o outro em objeto, tanto quanto antropomorfizar objetos e situações, tais como dinheiro, conhecimento, beleza e comunidades para proveito próprio. O inseguro quer ser aceito e para isso utiliza inúmeros artifícios e camuflagens. A mais nefasta é a utilização do grupo, da bandeira de luta que a todos abriga, para ancorar suposta individualidade. O inseguro vive dominado por frustrações e desejos, sua ideia fixa é conseguir, é significar e ser considerado. Daí surge o clássico: “sabe com quem está falando? Sabe o nome do meu pai?” Ou ainda “você está me discriminando por achar que eu sou daquele grupo” , enfim, mesmo quando o inseguro critica ou reivindica, ele lança mão de instrumentos de apoio. Geralmente não se diz: “sou ser humano” . É mais comum ouvirmos: “faço parte do grupo das mulheres, sou ...

Arrependimento

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  Ter seguido a corrente, ter mantido a linha ou não ter seguido a corrente, não ter mantido a linha, enfim, ter se conduzido de acordo com a própria motivação ou de acordo com a dos outros sempre pode causar arrependimentos.   Tudo que é avaliado possibilita arrependimento. Quando se mede, se compara, se desvitaliza e assim o qualitativo passa a ser quantificado. Essa transformação despersonaliza, pois só é realizada através da negação das próprias vivências. Quando existe vivência de qualquer situação não existe medida nem comparação. A vivência é o presente absoluto, não tem contingência demarcatória. É o viver, o querer, o fazer, é reagir ao que está diante de si enquanto o que está diante de si. Não se compara, nem cogita, não há prolongamentos para antes, nem para depois, não tem margem para arrependimento quando se está inteiro na vivência. Quando há escolha, cogitação e comparação surge a possibilidade de arrependimentos, tais como o de não te...