MULTIPLICAR – ir além dos próprios limites



 

Cruzar as tessituras do existente, se deter nas possibilidades e impossibilidades é a pólvora, é o fogo, é transformar o cru em cozido. Esse processo civilizatório, estruturado na operacionalidade de contraditórios, devolve ao homem o poder de ir além das contingências, de virar regra dos próprios limites. Isso é possível pela exploração do outro, pela transformação de si mesmo em objeto de lucro e troca. A alienação, por transformar-se em produto, viabiliza metas e desejos. Transformar o humano em massa de manobra é ingrediente necessário para o processo da multiplicação dos pães. É a criação de famílias, grupos, associações, empresas, partidos, religiões. Agir congruentemente é o que se exige, é o que se espera. Preencher fileiras, não destoar, capitalizar, acumular para ter base de decisões. São o iniciado, o adepto, o servil, e também o senhor, que encontramos nesses resultados, nessas aplicações eficientes. É a natureza transformada - mato, terras, chuvas, águas caudalosas -, é a natureza destruída. Atualmente, em vários ramos da ciência, esse aspecto é discutido enquanto Antropoceno, isto é, o homem mudando o ambiente que o cerca, a natureza que o contém. Ampliação de espaço, inversões temporais para criar expansões, tudo isso é frequente na multiplicação de resultados, enquanto se inicia alguma coisa. É o digital, a corrida espacial, a desintegração nuclear. É também a mentira, fake News, múltiplos elásticos, frases, situações criadas como se fossem verdadeiras. Aproveitar o inaproveitável, criar mais valia, destruir, matar para realizar mágicas, tirar “coelho da cartola” é multiplicar. É a guerra, a destruição, o confronto, a escapatória, a utilização do outro para seu próprio interesse, para, em algumas circunstâncias, caracterizar a multiplicação. Sempre que se estabelece uma meta, se estabelece campo para operar e aceitar multiplicadores. 

 


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