Violência e dúvida

 

 

Dúvida é a afirmação negada que possibilita uma pergunta, eu já escrevia em 1988, em meu livro Relacionamento Trajetória do Humano.

 

Duvidar é buscar mudança e esclarecimento. É discordar e exercer as descobertas das próprias inquietações, problemas e medos. Duvidar é prolongar a percepção, é pensar. O não se satisfazer com o dado, com o percebido, com o que está diante decorre de invadir o presente com antes, com depois, com certezas, com expectativas.

 

Dedicado a entender e conseguir o que quer, quando não consegue começa a duvidar e cogitar que “algo faltou ou foi mal feito, não chegou a tempo”, ou a falha é a prova de sempre ser enganado, de nada conseguir, e assim são geradas mais dúvidas. Subsequente ao estado de dúvida vem o medo, pois na negação do que existe há um átimo onde nada existe, e é aí que a dúvida é engendrada. Fruto do instantâneo, do intervalo, ela é o entreato, um espaço a preencher. Nesse sentido, é por isso que a dúvida pode ser entendida como estado propício à criatividade: são os devaneios, fantasias, acusações, descobertas, provando o impossível.

 

Duvidar é ter uma arma na mão para se defender ou matar. É o a priori, o início do medo, assim como da violência. É comum a ocorrência de violência doméstica e a desconfiança contínua no relacionamento gerados pela dúvida. Ela semeia outras realidades que para serem descobertas necessitam de mais questionamentos e evidências. Quando o pêndulo oscila entre o imaginado e o evidente, a dúvida se instala e a ansiedade passa a presidir os comportamentos.

 

Quanto maior o autorreferenciamento, maior a existência de dúvidas. Duvidar de tudo, não acreditar em nada é uma constante quando os sistemas autorreferenciados criam as convergências motivacionais.

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