Desejos - ausência de questionamento



Cada vez é mais constante correr atrás da cenoura na testa, os incentivos, a exacerbação gananciosa como maneira de justificar, realizar e se sentir feliz por estar vivo. No sistema atual, o mais desejado é ter dinheiro, ser rico, ter segurança econômica para tudo realizar e fazer. Todos em função de ganhar dinheiro. Só se olha nessa direção, para cima. Não se enxerga o que está do lado, e assim todos se sentem iguais: buscam o mesmo objetivo. Querer a melhoria, querer ser rico, iguala. Todos estão irmanados em vencer ou vencer. Essa polarização unifica pessoas e situações díspares. Nessas motivações as diferenças sociais e econômicas pouco significam. Qualquer um pode enriquecer: modelos, jogadores de futebol, empresários, ganhadores de loterias, enfim, tudo depende da realização do que se deseja, do polarizante atingido. A meta de ganhar dinheiro, unifica a todos. Não se considera nenhuma especificidade, companhia ou área de trabalho responsável por isso, o que se considera são acasos, atalhos, sorte, apoios, improvisações. A improvisação, o oportunismo, o roubo, os gurus e profetas que podem proteger são o que significa, o que estabelece diferença. Manuais de como conseguir, o que fazer, qual o preparo necessário são buscados. Essa nova configuração social vem acabando com grupos, comunidades, fileiras nas quais regras podiam ser estabelecidas. Tudo é feito em função do objetivo, do desejo e dos sonhos. O que mais encontramos é luta para chegar ao topo, para ter poder e assim ter tudo que quer, tudo que se acredita merecer. O ser humano foi transformado em seu objetivo, em seu sonho e assim o esvaziamento é completo, ficam carapaças humanas, que constituem exércitos robotizados para conseguir alcançar seus potes de ouro.

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