As encruzilhadas no caminho

 


 

Viver é descobrir, é também repetir, é seguir, continuar caminhos e esse mecanismo de adaptação, via de regra, apresenta situações não mapeadas. O aparecimento de curvas e de encruzilhadas nem sempre é percebido e às vezes quando o é cria impasses. Somos socializados e instruídos com base em aprendizados que visam adaptação, produção e consumo. A participação social a que somos treinados e capacitados é a da repetição, do desempenho, da leitura eficaz dos esquemas ou mapas prontos. Assim crescemos, trabalhamos, constituímos família, envelhecemos. No entanto, a vida é movimento e transformações constantes que não cabem em ordenamentos antecipados. A vida surpreende. Ter o plano prévio, o mapa da mina, o projeto é sempre desnorteador. O a priori é inútil. Foi validado para situações anteriores, e mesmo que essas situações se repitam, ele está defasado, ou como dizia Heráclito: “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas…”

Aprender o que já foi feito - adaptação - não deve dispensar a experimentação, a curiosidade: a vivência do presente; não deve focalizar apenas o cálculo para o resultado bem sucedido. Não calcular pode ser liberador, tanto quanto aprisionador. As antecedências e impasses só se resolvem no encontro, no dia a dia. Viver é passar, caminhar, não é lutar. Novos horizontes, novas vivências é isso que possibilita encontro e descobertas, isso é vida, movimento, transformação, questionamento.

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