Educação empenhada
De uma maneira geral somos educados para conseguir sobreviver, ter sucesso e bom desempenho. Um lugar ao sol, melhorar de vida, não repetir as histórias de pobreza e dificuldades dos antepassados, assim como manter o poder e a riqueza familiares são, geralmente, os motivantes básicos da educação. Eles nos fazem viver para depois, para conseguir. Não basta estar vivo, motivado pelo que acontece, é necessário ter planos, propósitos e metas. Nesse sentido a educação é sempre uma plataforma, um contexto de desafios geradores de competição e ansiedade. É um pódio no qual nada significa, salvo o primeiro lugar. Ser o melhor, o mais rico e poderoso é o objetivo. Nessa caçada, o indivíduo é armado com vários instrumentos: olhe para o que está no alto, fique amigo de poderosos, faça parte de instituições socialmente significativas, não perca tempo com com quem não significa e apenas vai lhe fazer perder recursos. Essas são as regras.
Assim são criados os robôs, a fileira de treinados para o sucesso. Mais tarde, quando esses vitoriosos olham, por exemplo, para os pais que precisam de ajuda, carinho e proteção, eles organizam suportes: casas de idosos, cuidadores que ficam com “os velhos” em sua caminhada para a morte. Não existe o outro enquanto o outro, existe o outro significado como ajuda ou atrapalho. Os adjetivos se superpõem aos substantivos. Vivências e encontros só significam quando avaliados, quando passam pelo crivo do que é lucrativo e produtivo.
Ser educado para o futuro, para conseguir realização e poder, parte da premissa de que o indivíduo a educar nada significa, exceto ser moldado para eficiência, ajuste e sucesso. É o homem coisificado, esvaziado de quaisquer outras realidades, e direcionado a buscar o que melhor realiza seu desejo de bem sobreviver e de não ter incômodos. Ser esforçado é caminhar para o despenhadeiro do vazio, ansiedade e angústia. É se ajustar ao que despedaça, e assim, contribuir para a distopia social reinante.
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- "Emparedados pelo vazio - Bem-estar e mal-estar contemporâneos", Vera Felicidade de Almeida Campos, Editora Labrador, São Paulo, 2025
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Seu texto e a filosofia de Schopenhauer convergem na ideia de que a sociedade impõe uma existência marcada pela luta incessante por objetivos inatingíveis, levando à insatisfação e à desumanização. Ambos denunciam um mundo onde os indivíduos são treinados para competir, em vez de realmente ser, e onde as relações humanas são frequentemente reduzidas a transações pragmáticas. Assim, seu texto pode ser lido como uma crítica contemporânea a essa condição existencial que Schopenhauer diagnosticou há quase dois séculos. Será que não há salvação?
ResponderExcluirObrigada pelo comentário, Augusto. Meu texto é para mostrar os vários aspectos e implicações da não aceitação criando metas. Quando existe aceitação, tudo está salvo. Abraço.
ExcluirGrato, Vera!
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