“Tanto pior para os fatos”




Não há o bem ou o mal, há todo um processo que configura acerto, erro, que explica a catastrófica queda do avião, por exemplo, ou o ruir das organizações políticas, a depressão, a debacle econômica.

O fato não traz em si sua lei, ele nada mais é que um epifenômeno, não muda em nada o processo. Entretanto, é a partir dos fatos que são estruturados novos processos, ou seja, o fato é o desabrochar de contradições que, quando colhidas e enfrentadas, estruturam outros processos, permitindo contradições e mudanças. Parcializar, se deter no fato é negar vida, é negar movimento. Mesmo a morte, fato irreversível na vida de um indivíduo, é um processo, está sempre esclarecendo ou apontando para inúmeras variáveis. A individualidade, a essência de cada indivíduo, sua história, afetos, desafetos não se esgotam na sua morte, embora a partir dela ele não mais signifique como processo, movimento, vida.

Quando se explica fenômenos, acontecimentos, com conceituações causalistas, se soma os acontecimentos, são somas agregadas à tessitura dos mesmos. São justaposições, aposições, aderências, regras, tentando explicação.

Tanto pior para os fatos”, assim Hegel se referia à injunção dos processos, às dinâmicas, à dialética que, como uma torrente incontrolável, mudava, negava e ampliava o horizonte do factível, do ocorrido.



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