Inércia




Inércia comumente é percebida como preguiça. Esse estado de paralisação - inércia - decorre da falta de motivação, da depressão mantida ou insinuada intermitentemente.

Submeter-se à inércia é criar um tipo de movimento referenciado, circunstancializado e redutor: as ideias-fixas, a vivência do fracasso, o medo são os alimentadores, são eles que carregam e mantêm a inércia.

Atolado em suas frustrações, não há como caminhar. Essa imobilização é apenas aparente. Não se caminha, mas se movimenta em torno dos mesmos referenciais, dos mesmos pontos. Inércia é expectativa e assim os movimentos, as dinâmicas da ansiedade se instalam e como ciclones e terremotos tudo destroem.

Manter e agarrar-se à inércia é início da disparada para a depressão, para o medo e para o isolamento. Nesse sentido podemos dizer que a inércia, a recusa a participar no que ocorre, é o início da solidão e do medo - omissão.

Parar, deter o movimento é uma magia ruim, é arbitrariedade da negação que tudo destrói e assim polariza divisão, fragmentação, despersonalização. Instala-se o vazio, estado carencial nunca preenchido e sempre à beira de satisfação por qualquer consideração, por qualquer aceno simpático. Na inércia o indivíduo se transforma em polo atraente de infinitas agressões e ameaças. É esse estado de expectativas (inércia) que caracteriza as dúvidas, o ficar à mercê de enganos, de perfídia, resultado de ilusão e não discernimento do que realmente está acontecendo, pois não participa do que ocorre, não participa do presente.

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