Astúcia

 

 

Precisando de escadas para atingir seus objetivos, e não as encontrando, o ambicioso recorre a maldades, transformando outros seres humanos em caminhos para condução e realização de seus propósitos. Isso é desumanizador. Pais utilizam filhos e filhas, assim como é também maldade filhos e filhas arruinarem seus pais para conseguirem manter seus desejos. Esconder a maldade, transformá-la em algo simpático é o ardil, “o cavalo de Troia” que oculta a pessoa escusa. A astúcia é delapidar sentimentos, é cooptar intelectualmente revoltas e discernimentos para composição de suas maquinações realizadoras de desejos que desumanizam. Ao virar massa de manobra – dos sistemas sociais, das condições de sobrevivência e das famílias utilizadas como bala de canhão – o humano estertora, desaparece sob os tacões do oportunista, da maldade e da mentira. Escola, família, grupos de trabalho, grupos religiosos são cenários nos quais se pode perceber a atitude astuciosa, maldosa e destruidora. Mentir, criar falsas direções, escamotear realidades é o que se faz sem limites para realizar os planos astuciosos. São inúmeros os exemplos: na Bíblia, é a atitude de Jacob no conto “Esaú, Jacob e o prato de lentilhas”. Do mesmo modo, conseguir, não importa como, é o que geralmente se coloca para o político que quer conquistar seus objetivos a qualquer preço, consolidando alianças, criando contornos, círculos viciosos que não saem do mesmo ponto ou a eles sempre voltam. Essa ânsia de conseguir às vezes atinge inclusive esportistas, atletas que competem por competir, mas que agora competem apenas para conseguir prêmios: dinheiro, vantagens e sucesso. A astúcia transforma condições e permite atingir o que se quiser. Basta descobrir os pontos fracos, e também os fortes, como vias de acesso do que se deseja. É a elaboração de planos para roubar, mentir e até matar para realizar objetivos. Quanto mais se desvenda a coerência e legitimidade de processos e propósitos, mais eles são retalhados e astuciosamente etiquetados para as vendas e conciliações necessárias.

 

Mentir, enganar, usar e destruir é a cartilha bem sucedida do astucioso. Astúcia é a verdade espinhosa ou a mentira bem acomodada em escaninhos de honestidade, lutas e discernimentos. Qualquer coisa pode ser usada na astúcia, sempre uma mélange, uma mistura para disfarçar e impedir caracterizações reveladoras.

 

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