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Mostrando postagens de novembro, 2019

“Eu fui o erro que ele cometeu”

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“Eu fui o erro que ele cometeu” é uma frase que pode ser entendida como uma autocrítica, crítica, acusação ou constatação vitoriosa. Ter decepcionado, não ter preenchido as expectativas do outro, deixa clara a escolha errada, o convívio errado e falho. Insinuar-se para conseguir o que quer, desviando o outro de seus propósitos, trabalho e raízes para depois execrá-lo, sentir-se vitoriosa por destruir o outro é exemplificador de ganância, violência e maldade. Em algumas situações, perceber que o encontro com o outro se constitui em erro gera autocrítica por perceber como utilizou a confiança e crença do outro para consecução de objetivos próprios. A crítica ao outro pela escolha feita reside em tê-lo enganado. Buscar o outro para realizar objetivos e desejos, enganando, é mentir para conseguir viabilizar propósitos e no fim usar e destruir quem confiou e acreditou. De qualquer forma, se personalizar por meio do erro cometido pelo outro é muito comum nas situações na

O herói

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O desespero resultante de suportar, de viver e escorregar na mesmice do indiferenciado, homogeneíza pela neutralização de contradições que são vivenciadas como necessidade de sedativos, de amortecedores ou criadores de bem-estar. Quanto maior o apaziguamento - a negação do que infelicita - por meio de crenças e esperança de melhoria, maior o desespero, maior a imobilização no que esmaga e tritura. No aclamado filme Coringa as sequências vivenciadas pelo personagem central são bons exemplos dessa situação. Na fragmentação, vivendo de sobras, resíduos de afetos mentirosos, o Coringa é comprimido e esmagado; entretanto algum alento, algo humano sobra. Tecendo impossíveis cordas para evadir-se, o personagem enlouquece e nesse processo descobre outros alienados também esmagados por submissão às máquinas trituradoras representadas pelos sistemas sócio-econômicos vigentes. Seus gritos e passos de revolta o transformam em herói. É o predestinado, quase o Messias, o milagroso que tod

Humanidade

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Uma de nossas características mais marcantes é a possibilidade de perceber e categorizar e assim entender quem somos e como agimos, entender os acontecimentos e organizar nossa convivência, nossas vidas em comum. Criamos as regras, nos adaptamos aos valores e enfrentamos disputas, conflitos diversos, desvios, ameaças às definições que assumimos como definidoras de nossa humanidade. A capacidade de se sensibilizar com o outro é um desses pilares definidores. Ser afetado pelo outro não só demonstra que o percebemos, mas também que nos envolvemos com ele, nos dirigimos a ele, o cercamos, implicamos nossas vidas mutuamente, enfim. Que outro fundamento poderia definir melhor “humanidade”? Afinal não é ao conjunto, à vivência em comum, que esta palavra se refere? Mas conjuntos são abstrações conceituais e a humanidade é, supostamente, formada por seres humanos, por indivíduos. O indivíduo, para ser reconhecido como humano, precisa exercer, atualizar os valores que definem sua humanid

Desejos - ausência de questionamento

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Cada vez é mais constante correr atrás da cenoura na testa, os incentivos, a exacerbação gananciosa como maneira de justificar, realizar e se sentir feliz por estar vivo. No sistema atual, o mais desejado é ter dinheiro, ser rico, ter segurança econômica para tudo realizar e fazer. Todos em função de ganhar dinheiro. Só se olha nessa direção, para cima. Não se enxerga o que está do lado, e assim todos se sentem iguais: buscam o mesmo objetivo. Querer a melhoria, querer ser rico, iguala. Todos estão irmanados em vencer ou vencer. Essa polarização unifica pessoas e situações díspares. Nessas motivações as diferenças sociais e econômicas pouco significam. Qualquer um pode enriquecer: modelos, jogadores de futebol, empresários, ganhadores de loterias, enfim, tudo depende da realização do que se deseja, do polarizante atingido. A meta de ganhar dinheiro, unifica a todos. Não se considera nenhuma especificidade, companhia ou área de trabalho responsável por isso, o que se considera sã