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Mostrando postagens de março, 2013

Fidelidade

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Fidelidade ou traição pressupõe, como tudo, contextualizações relacionais. Ser fiel a si mesmo ou ao outro é a movimentação instantânea que existe quando se é livre, quando se é coerente, quando se aceita. Enganar, iludir é estar comprometido com metas, é querer conquistar, querer vencer e utilizar o outro como artefato. O indivíduo, quando dividido, fragmentado trai, engana, negocia. Quando unitário, inteiro é fiel, é coerente. Viver querendo ser aceito, criando imagens e referenciais que possibilitem este processo, é comum quando se procura conseguir bem-estar e tranquilidade sem condições para isto. Consequentemente, as garantias de sucesso e aprovação partem de traiçôes diárias feitas a si mesmo e aos outros. É o trambique, a propaganda enganosa, o uso do outro para aplacar incapacidades, a omissão, a submissão. Aliciar menores, por exemplo, utilizar as necessidades carenciais do outro para o que se deseja, é também traição. Quando se pensa no amor como algo a ser

Amor

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A antropomorfização do amor - desde os gregos com o Cupido - é responsável pela construção medieval, renascentista do que se imagina ser amor. Seria o amor, natural ou construído? Este debate continua contemporaneamente, das novelas às teses doutorais, passando pela clínica psicoterápica e também dentro das associações espiritualistas e congregações religiosas. Amar é uma condição comum a todo ser humano? É uma mágica que surge como atração rápida, fatal? É ilusão, desespero, engano? Relacionamentos que se mantêm por compromisso, obrigação ou relacionamentos vistos como apoio ou baseados em tolerância são contextos onde amar é confundido com exercer compatibilidades, adequações e acertos, é até mesmo gostar de satisfazer necessidades. Amor, no sentido compassivo, romântico deve ser entendido como disponibilidade. Ser disponível resulta de se aceitar, de não se perder em limites e metas, padrões configuradores de regras, de erros e acertos. A disponibilidade possibilita

Compaixão e dignidade

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Detido nos próprios limites, hábil mestre da própria impotência, o ser humano é capaz de perceber o outro, o mundo e a si mesmo, é capaz de sentir compaixão, de ser afetado sinceramente, empaticamente pelo outro. Não utilizar o semelhante, nem os animais, para satisfazer suas necessidades e conveniências, perceber o medo e o limite alheio é dignidade resultante do estar com o outro compassivamente. Perceber e aceitar crianças, idosos, menos favorecidos, mais favorecidos, belos e célebres, considerados feios e despropositados é aceitar o outro independente de valorações e conveniências. É ser com o outro. Canibalizar, vampirizar, utilizar os outros para aplacar, para realizar desejos e metas, desumaniza: surgem midas, zumbis, mestres e discípulos, comandantes e comandados. Somos todos iguais embora só se valorize o que se destaca, diferencia dentro dos padrões positivamente valorizados. O lugar ao sol, a consagração, o estabelecimento de diferenças que criam escalas, po

Embustes

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Comprometidos com o que precisamos superar, alcançar, construir e realizar, deixamos de viver o dia a dia, o presente. Reféns do futuro, não sabemos quem somos, mas sabemos o que queremos e precisamos. Essa transformação das estruturas ontológicas - do ser em querer - nos transforma também em massa de manobra. Contextualizados na família, sociedades, épocas e economias geradoras de educação, formação e oportunidades, somos assim, representantes desses contextos formalizadores. A profissão, o nome (rendimento) da família, o status institucional (social e econômico) além das inserções midiáticas, permitem poder e sucesso. Esse é o panorama da sociedade contemporânea, conhecida essencialmente como de consumo, resultado da fase do capitalismo fundamentada na economia de mercado. Os bens de produção  são agora transformados em vetores, construtores do mercado, este grande parque onde são definidas as diferenças entre explorados e exploradores, ou entre quem consome e quem não consome, qu