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Mostrando postagens de fevereiro, 2018

Vida para depois (1)

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Deixar para depois, rolar as dívidas, postergar, aguardar o momento oportuno são palavras que sustentam o suposto bom senso e os ajustes caracterizadores dos processos de adaptação. Essas atitudes resultam de metas, expectativas a realizar, frustrações cotidianas, que são vivenciadas ao longo dos dias, ao longo da vida. Certos momentos como velhice, doença e aposentadoria se evidenciam como “não há mais tempo, é preciso conseguir realizar os sonhos” , os desejos, enfim, as metas de toda a vida. Dessa forma, ansiedade, angústia, vazio caracterizam o cotidiano. A avalanche é tão assídua e forte que surge a doença como forma de estabilizar, de por os pés no chão, surgindo também o cuidar de si à conta gotas e vivenciar se reduz à verificação de que a própria existência está sob controle e que nada acontecerá de abrupto. Tudo que é adiado consiste no deslocamento responsável por criação de metas, objetivando transformar as frustrações e suprir as incapacidades. É um jogo mentir

Loucura americana

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Os Estados Unidos da América, exemplo de democracia moderna, é formado por vários Estados que detêm grande autonomia e que o constitui como uma nação. Em alguns desses Estados, o darwinismo - o evolucionismo - é desconsiderado e até proibido e prevalece o criacionismo. A ciência é banida e o que vale é a fé, a crença e o conservadorismo mantido pela educação baseada em ideias de bem/mal, contaminação/pureza que os levam, por exemplo, a afirmações como: "países do eixo do mal” , “não vamos contaminar nossas crianças com ideias ruins, comunistas e anti-religiosas” . Isso é terrível, é ignorância, quase impossível em um país criador de tecnologia avançada, mas, a ignorância e os preconceitos vigoram e dão frutos como as recentes notícias demonstram. Na última semana, a Conselheira Evangélica do Presidente Trump fez uma postagem de vídeo nas Redes Sociais, aconselhando os americanos a “inocularem-se com a palavra de Deus” ao invés de tomarem a vacina contra gripe. O vídeo

Abrir mão

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Banksy Diante de impasses, dificuldades e medos, às vezes se abre mão de compromissos e vontades. Renunciar, abrir mão é desistência. Pode ser aceitação de impotência ou ser o deslocamento da mesma pelas atitudes onipotentes. Quando a renúncia é vivenciada como constatação de impossibilidades, incapacidades e despropósitos, ela transforma o indivíduo em um polarizador de contradições, lançando-o assim para novos conflitos, para dilemas que permitem mudança e descobertas realizadoras. Quando a renúncia é exercida como onipotência acontece apenas adiamento, as motivações são guardadas para tempo oportuno e assim começa a criação de um estoque de sonhos e desejos falhados nas frustrações que um dia precisam ser atualizadas. Renúncia é caminho para estruturar autonomia, constatação de possibilidades e necessidades, tanto quanto é a maneira de estocar ódios, frustrações e desejos, para mais tarde realizá-los. O dia que não chega nunca, cobra sempre. Ansiedade e depressão, a

Anestesia

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A vivência da terapia geralmente é feita no contexto - Fundo - de tratamento, de remédio (contexto médico) ou de mágica (adivinhação, descoberta do destino etc.). Não há crítica, não há questionamento, existe apenas desejo de melhorar, de tirar sintomas ou conseguir realizações e metas. Nesse contexto, um dos primeiros atos no processo psicoterápico é transformar o terapeuta numa ferramenta útil ou inútil, precariamente ou oportunamente usada. Todo anestésico, se adequadamente usado, é bom enquanto medicação necessária. É um primeiro passo para cirurgia, para intervenção transformadora. No processo terapêutico, a confiança no processo, no outro terapeuta e em si mesmo, enquanto não aceitação da não aceitação, funciona como anestésico, mediação necessária para as cirurgias da alma, do psiquismo, os cortes e transformações dos nós e núcleos relacionais. Mas a terapia jamais deve ser usada como anestésico. Quando tal ocorre, ela é utilizada, capitalizada como justificativa e e