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Mostrando postagens de novembro, 2013

Ajustes e regulações

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Padronizar, regular são adaptações necessárias que realizam o ajuste indispensável ao bom convívio, entretanto, isto pode apenas realizar opressão e submissão. Ao querer dar certo, ser eficiente, se utilizam modelos decorrentes de avaliações circunstancializadas, de esperanças e consequentes ilusões, desde que o padrão, as regras defasadas são transpostas: são anteriores ao vivenciado, são passado, são voltadas para o futuro, se referem a limites, espaços diferentes dos agora situantes. Este posicionamento expectante cria tensões, cria angustias e coloca o indivíduo à mercê de autorização, de validação alheia a seus contextos relacionais. Adaptar supõe sempre um propósito ou uma falha a ser corrigida. Os critérios de congruência e validade são fôrmas, moldes que esperam receber a "massa humana" e adaptá-la a objetivos genéricos, não individualizados. Ser moldado é organizador, adaptador, mas também aniquila a liberdade (autonomia). As regras do bem viver não pod

Arrumação

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A organização é intrínseca aos processos perceptivos, a própria Lei de Figura/Fundo * possibilita isto, tanto quanto possibilita distorção, desorganização. Tudo vai depender das relações estabelecidas com o mundo, com os outros. Quando a imanência dos processos relacionais organiza e isto é permanentemente continuado através de questionamentos e mudanças, se estrutura autonomia ou na linguagem comum se estrutura auto-confiança. Se os questionamentos são decorrentes de metas, desejos e medos eles geram posicionamentos advindos de certezas e crenças, que ao organizarem o não existente - o futuro - desorganizam o presente. As sociedades, através de suas instituições, principalmente as educativas e religiosas, procuram organizar, educar e acenar com explicações geradoras de conforto e paz diante das vicissitudes. Educação, quando focada em necessidades a satisfazer, se constitui em um verdadeiro atentado ao humano e a religião ao tentar organizar o medo, através da fé, mobiliza o eg

Trunfos, amuletos e contra-egun

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Estar no mundo, deparar-se com o inesperado, com perigos e dificuldades, gera medo ou no mínimo insegurança e apreensão. Deter-se nesta vivência leva a questionamentos que permitem que o indivíduo descubra mudanças em sua percepção: o percebido pode se tornar libertador, as dificuldades podem significar confrontros esclarecedores e o inesperado é o novo que sempre questiona; entretanto, quando voltados para manutenção de situações e conquistas, se evita, se foge do que não está sob controle, mas se sabe que o imponderável, o fora de controle existe, isto amedronta e o individuo busca proteção. No afã de tudo garantir, são criados locais blindados pela proteção da família, de amigos, pela garantia do dinheiro, dos amuletos, do poder e de estratégias. São os trunfos, que vão desde "o sabe com quem está falando", "o dinheiro tudo resolve" até "não mexe comigo que eu não ando só" .    Pensar que a vida está garantida através do exercício de recurs

Mitos

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Hobsbawm já escreveu sobre a invenção das tradições como fator importante nos processos ideológicos, nos processos históricos. A construção de identidades através dos mitos de origem são frequentes nas sociedades, gerando manipulações das mesmas para conseguir "benesses" dos poderes públicos, assim como possibilitando a criação de histórias que servem para deslocar não aceitações. Reis, rainhas povoam o imaginário dos adeptos de Candomblé e muitos deles, oprimidos e escorraçados deslocam suas não aceitações, utilizam máscaras régias, fazem uma fusão entre os mitos, lendas de seus Orixas com sua personalidade. Têm sido tão frequentes estes processos no Brasil, que foi pesquisado por Monique Augras - psicóloga - como estudos de personalidade, no livro " O Duplo e a Metamorfose ". Temos outro exemplo na cultura indiana clássica, que engendra esta fusão entre mito, identidade e ideologia. Na India, com seus múltiplos deuses e avatares, a heroina Sita do Ramay