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Mostrando postagens de março, 2012

Dignidade é unidade

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Os problemas psicológicos do ser humano resultam da divisão gerada pelos processos de não aceitação. Obrigado a se dividir, a se parcializar em função de resultados satisfatórios, o homem se desestrutura. Desde cedo, ainda criança, acontecem os processos de divisão diante de antíteses e contradições; elas podem ser enfrentadas, podem ser negociadas ou desconsideradas. Não sendo enfrentadas, surge a divisão, a desintegração - como expressa o ditado "uma vela a deus outra ao diabo" . Contemporizações, acertos e pacificações são constantes. No decorrer desses processos, impõe-se a negociação, o despistar, o aparentar. A dignidade não existe. Sem unidade, divididos, somando e calculando negociações, tudo é feito em função de resultado e de conseguir satisfação; a atitude é de aparentar, enganar para controlar, para conseguir. A unificação da divisão é o objetivo da psicoterapia, é a única maneira de resgatar a humanidade do sobrevivente alienado e coisificado pela meta

Alívio de sintomas

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Quando os deslocamentos que criam ansiedade, medo, insegurança etc são neutralizados pela psicoterapia, aparece tranquilidade, determinação e segurança. Sem mudar a estrutura, esta substituição de vivências, de atitudes acontece na estrutura de não aceitação, de pessoa descontente, cheia de restrições a si, por exemplo. Quando isto ocorre, os sintomas desaparecem, são superados, mas geralmente não há mudança. O que impede o processo de transformação da estrutura problemática é causado pelo posicionamento, pela instrumentalização do bem-estar, da melhora. Esta instrumentalização é feita no sentido de realizar todas as demandas - as metas geradas pela não aceitação. Sem o pânico paralisante o indivíduo reinsere, retoma sua cega obstinação em ter prazer, por exemplo, não importa como, nem com quem. Obstinadamente busca realizar suas metas, procurando ter o que lhe satisfaz. Reinstala-se o círculo vicioso. Sem saída, cada vez mais marcado pelo que necessita, voltam os deslocament

Não se tem neurose, se é a neurose

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Frequentemente se diz que existem problemas, que existe neurose, mas que isto é apenas um aspecto da personalidade. Pensar assim expressa a visão de que o indivíduo está bem, mas tem um distúrbio, são enfatizados os aspectos saudáveis, não neuróticos. Comprometidos com a ideia de que a totalidade é a soma de seus vários constituintes, acreditam na doença, na neurose, como uma parte, um aspecto da personalidade, que existe mas não compromete o que nela é saudável. O todo não é a soma de suas partes; qualquer coisa que aconteça, acontece em sua estrutura, em sua totalidade. É sempre assim em qualquer organismo, em qualquer totalidade. Não há como falar em partes boas e partes más e achar que desta maneira se percebe a problemática psicológica do homem. Na clínica psicoterápica, a visão de que se é a neurose, de que ela não é uma aderência, é uma visão  fundamental para o resgate do humano. Neurose é não aceitação que cria autorreferenciamento, distorção perceptiva e deslocament

Simbólico, Imaginário e Real

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Opiniões a respeito das coisas, objetos que representam, relembram situações vivenciadas, imagens de divindades, rituais religiosos ou não, superstições, amuletos, crenças, certezas, duvidas, interpretações, enfim, quem nunca se perguntou sobre o que é real ou simbólico nas suas vivências cotidianas? Lacan, coroando toda a conceituação psicanalista - freudiana - diz que o homem se realiza ou se frustra, se comporta enfim, dentro de dimensões simbólicas imaginárias ou reais. Ele está assim, através de uma nova linguagem, explicando o Id, o Superego e o Ego. São as necessidades instintivas, inconscientes e biológicas, as responsáveis pelo estabelecimento do simbólico, do imaginário e do real. Projeção, resistência, mecanismos de defesa do Ego, formação reativa, foraclusão, são conceitos decorrentes destas divisões reducionistas. As certezas ilusórias são frequentes nas explicações do comportamento do homem pelo inconsciente, por entidades possessoras, pela vontade de deus, se c

Infinito abrigado pelo finito

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O organismo humano enquanto necessidade, limitado pelo seu próprio desgaste é uma contingência biológica que fragiliza o homem e revela sua precariedade. Viver em função dessa necessidade é sobreviver, é fazer convergir todas as suas possibilidades relacionais para este foco: sobrevivência. O organismo humano é também possibilidade relacional. O homem percebe o outro, o mundo e a si mesmo, categoriza, questiona-se, comunica-se, perpetua-se pela escrita, pelo desenho, pelo que cria e produz, expressa vivências. Neste processo o ser humano é imortal, é infinito. Transcendendo suas necessidades biológicas, exercendo suas possibilidades relacionais, rompe com a finitude de seus limites, atingindo assim o ilimitado, o infinito. O Corpo, o organismo perece, mas as expressões relacionais afetivas eternizam-se. Questionamentos, explicações, dúvidas perpassam séculos ao desequilibrar os limites vigentes. Esforçando-se por sobreviver da melhor forma ou de qualquer forma, o ser humano e