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Mostrando postagens de julho, 2023

Higiene mental e psicoterapia

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  Frequentemente se ouve comentários deturpadores e críticas ao tratamento psicoterápico. “Para que psicoterapia? Não serve para nada”, “o que nasce torto, torto permanece” , diz a maioria, tanto quanto “o que se perdeu, o que não se fez, não há mais como recuperar, como fazer” . Essas visões limitadas a resultados, pragmáticas e unilaterais, não dão conta da diversidade relacional que configura o comportamento humano.   Não se faz terapia para isto ou aquilo, nem por causa disto ou daquilo, se faz terapia para se encontrar no mundo com o outro, para mudar o enrijecimento do medo, da angústia existencial, da mesmice das repetições viciosas. Psicoterapia é tratamento tanto quanto profilaxia, é higiene mental, e nesse sentido equivale a tomar banho, trocar de roupa, escovar os dentes. É cuidado, é tratamento, é limpeza, higiene, cuidar de si, cuidar do corpo, cuidar do ser. Michel Foucault dizia: “o cuidado de si é primordial então como atitude,

Tenacidade

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  Tenacidade é uma propriedade do aço, e também pode ser um aspecto do humano quando ele é estruturado sem estar ao sabor das contingências, do aleatório. A têmpera do aço, a educação do homem, nos faz pensar.   Infelizmente, todo processo educativo, nas mais diversas sociedades e culturas, é voltado para o futuro, para conseguir resultados eficazes, quando o que deveria ser feito em termos de educação deveria ser em função da consistência, do preenchimento de vazios. O bastar-se a si mesmo para assim se relacionar com o outro deveria ser o objetivo educacional básico. Mas, ao contrário, justamente buscar complemento, encaixe e ajuda, são as noções que norteiam os passos de nossos educadores, família e escola.   Nascemos e crescemos. Desenvolvemos habilidades e adquirimos conhecimento pela ampliação das percepções. É a constante movimentação do estar no mundo com os outros que nos faz desenvolver, humanizar ou desumanizar. O embate diário, a descoberta incessante c

Sonhos Demolidos

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  Estar dedicado à realização de sonhos e desejos cria mapas, roteiros e isso orienta e sequencia o dia a dia, a vida do indivíduo. Os sistemas organizados, bem representados por família, escola e sociedade guardam, atualizam e transmitem esses propósitos chancelados pelos sonhos e desejos individuais. Cuidar do recebido, utilizando a experiência familiar e social amealhada permite diminuir caminhos, evitar volteios repetitivos, leva a seguir o aludido “caminho certo”, atingir resultados, assim como faz estruturar ideia fixa ou obsessão. Nesse contexto, ter que conseguir, não poder falhar, ser o melhor, mesmo no terceiro ou quarto lugar, é decisivo. Quando a busca da vitória não é realizada, começa a surgir o perdedor. Quanto mais o tempo passa, mais as perdas são trabalhadas, estratificadas e consequentemente surge a ideia de fracasso. Essa frustração, o perceber que fracassa, reduz o indivíduo a uma migalha que busca ser colhida e protegida. Nas divisões, nas config

Bem-estar, suas implicações

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    Buscar felicidade, paz, tranquilidade, enfim, buscar bem-estar é o objetivo, o desejo e a luta de qualquer ser humano, e talvez até de qualquer ser vivo. No entanto, a ampliação dessa perseguição ao bem-estar como busca de felicidade e paz não se aplica a todos os seres vivos, pois os limites dos organismos não permitem atingir transcendências ampliadoras e também unificadoras das vivências homeostáticas.   Vive-se, mas vive-se também por e para, indo além de contingências, de limites. Ir além do que se vive, ir além do próprio presente é uma mágica que se consegue fazendo emendas, dando continuidade aos propósitos desenhados. A somatória resultante é sempre arbitrária. É querer estender o que está acontecendo para que o mesmo se eternize, sempre permaneça, ou ao contrário, fazendo subtrações para que passe logo, para que acabe. Segue-se estendendo ou encurtando o que se vivencia, acreditando que o exercício do dever e da obrigação, por exemplo, livra de toda