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Mostrando postagens de agosto, 2023

Passar o tempo

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  A questão da continuidade é vital, é básica para viver seja em confrontos ou em encontros. Prosseguir, continuar, passar o tempo, não é passatempo, pois não é distração, é acompanhar o vivenciado e atravessar espaços descontínuos, transformando-os em continuidade. Atravessar é andar, repetir ou descobrir novos caminhos. Toda dificuldade é sempre impedimento quando não transformada ou resolvida. Descobrir como a dificuldade resume familiaridade é um insight que abre caminhos. A superação dos problemas, a expressão dos próprios medos é participação que transforma omissão em capas obsoletas. Abrir, atravessar é sempre redesenhar limites. Essa mudança de referenciais amplia vivências e instaura continuidades, consequências sinalizadoras de outros caminhos, outras motivações. É processo, é vida, é questionamento: encontro, desencontro.

Esquematização cotidiana

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  Viver em função de regras, esquemas, propósitos, resultados e manutenção de rotinas é desgastante, angustiante e entristecedor. Vida é dinâmica, sequência. Entretanto essa dinâmica pode estar engaiolada. Presa nos trilhos do antes, agora e depois, do fazer e do manter, a vida é quase equivalente ao bater de estacas construtor dos edifícios.   Existem regras, obrigações, trabalho, esquemas, mas além disso deve haver a antítese dos mesmos: o espontâneo, o divertido, a novidade, o que surpreende, o que acontece por acontecer, quando acontece. É o encontro entre fluidez/rigidez que tece o cotidiano. Um cotidiano continuado se for tudo fluido, tanto quanto um cotidiano previsível, igual e alienador quando tudo encaixa no programado.   A continuidade, a diversidade do estar no mundo é uma dinâmica, requer estabilização, ajustes, mas sempre deve possibilitar um potencial de novidade. É a liberdade, o inesperado que cria diversão, amor, tanto quanto dificuldade

Altivez enganosa

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    Orgulho e frustrações escondem fraquezas, carências e medo. É uma atitude criada para ocultar buracos, cicatrizes e violências sofridas. Não se render ao que destrói leva a engendrar proteções, mas, no contexto da altivez ou do orgulho, tudo isso deve ser dissimulado para que não apareçam os pontos fracos. Expor fraquezas, administrando problemas mesmo com proteção, é vivenciado como entregar os pontos, “dar o mapa da mina” . Esconder é uma maneira de resistir, e nesse sentido, nada melhor que não demonstrar fraquezas. Transformar fraquezas e dificuldades em força e acertos é uma arte exercida não só por indivíduos, mas inclusive por inúmeras nações, grupos sociais e etnias. Manter e estruturar orgulho é transformador: em lugar de pedir, se exige, em lugar de confrontar, se governa; mas também se cria contrapartidas responsáveis por isolamento, autoritarismo e sectarismo. Os bolsões identitários e os egos entronizados no poder econômico, religioso e das dificulda

Construção de imagens – explicitação de ideias

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  Imagem criada com o Tome AI App.   Algumas das maneiras mais criativas e diretas que o homem tem para comunicar percepções são a fala, gestos, expressões faciais, corporais e desenhos. Os desenhos, as imagens recriadas e trabalhadas permitem inumeráveis criações: do alfabeto, com seus caracteres, a diversas formas e delineamentos. A evolução contínua dos gestos açambarca todo o universo da expressão humana, configurando novos referenciais, e um dos principais é o que se convencionou chamar de arte: das Cavernas de Lascaux às representações icônicas de santos e madonas, até as histórias em quadrinhos, se produziu arquivos do que se viu, se olhou, se percebeu, se transmitiu. É a nossa história, é o que permite abstração e constatação.   Hoje em dia, grande parte desse acervo é capturado, guardado, codificado pelos bancos de dados, alimentando os programas de inteligência artificial (IA), os chatbots . Ao alcance de todos, dispositivos de IA são o novo “ Goo

Disparadores, gatilhos e traumas

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  Explicações nas quais são construídas justificativas para esclarecer o presente pelo passado - atribuição de efeitos a causas - são constantes na apreensão elementarista e distorcida da realidade, dos acontecimentos e problemas. Essas explicações baseadas em causas e efeitos são tentativas de se deslindar, de sair dos emaranhados. É difícil globalizar, pois a apreensão de totalidade exige que não se tenha a priori , exige se deter no que acontece, independente de causas, consequências, vantagens ou desvantagens atribuídas ou imaginadas. A maneira elementarista de apreender fatos, acontecimentos, comportamentos humanos é tão constante dentro do embaralhamento do desconhecimento, que foram criados modos para entender, resumir e explicar dificuldades/facilidades e idiossincrasias, enfim, para explicar características humanas.   No séc. XIX, valendo até o séc. XX, a ideia de inconsciente, um termo que era visto como instância psíquica determinante de comportamentos, ex