Distopia e arbitrariedade
A vida transformada em gincana, maratona na qual vence o melhor é pontilhada de urgências. Nada pode ser adiado, tudo precisa ocorrer do modo esperado, nada pode falhar, assim pensam os maratonistas, indivíduos transformados em objetos, títeres e mártires dos sistemas que os orientam. Urgências familiares, urgências políticas, urgências sociais, planos, objetivos, todas essas expectativas lançam a vida para depois, fazendo com que os indivíduos busquem a luz no fim do túnel. As trevas são redimidas por palavras de ordem políticas, por pregações religiosas, por promessas aliciadoras de bem-estar, por explicações espirituais e transcendentes, missões e propostas do que é o viver aqui neste planeta, nesta Terra. É o placebo, o faz de conta que estimula o corre-corre, o atropelar o outro, tudo em nome do bem ou do mal que deve ser destruído. Ter urgência é o faz de conta que tudo justifica, corrompe e destrói, pois é o acenar para o inexistente, para o que deve ser, o que precisa