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Mostrando postagens de dezembro, 2015

Capacidades transformadas em limites aniquilam o indivíduo

Seres humanos dispõem de inúmeras capacidades de transformar tudo que está ao seu redor, inclusive de transformar o outro e a si mesmo. Esta constante capacidade de diálogo e transformação, se exerce em função de seus referenciais constituintes. Quanto mais limitado e voltado para sobrevivência, para realização de necessidades, ou quanto mais centrado no que estabelece como prazer, mais autorreferenciado, empenhado na realização de suas necessidades de sobreviver. Nascido e desenvolvendo-se em atmosferas - sociedade e família - onde o valorizado e significativo é o que se consegue, é o que se amealha, o desenvolvimento humano, individual, vai personalizando estas atitudes, mesmo que discordando do que lhe é mostrado. Um típico exemplo desta configuração é a atitude desleixada do filho em relação aos valores conservadores dos pais, mas, que se mantém totalmente dedicado à manutenção dos propósitos e ideais do grupo vanguardeiro a que pertence, chegando a lutar, discriminar tudo qu

Aplausos

Os aplausos animam, incentivam, tanto quanto comprometem ao criar expectativas de mantê-los. As expectativas estabelecem medo de falhar, possibilitando assim, tensão diante de possíveis frustrações. Ser aplaudido é ser reconhecido, no mínimo como alguém a quem se deve admiração, reconhecimento. Situações de ser aplaudido sempre expõem o indivíduo. A vivência desta exposição varia de pessoa para pessoa. Uns, tudo fazem para conseguir este resultado, o aplauso, e tanto empenho para conseguí-lo compromete, não se discerne mais o espontâneo do programado. Para outros, ser aplaudido é uma circunstância significativa enquanto processo e participação, mas que pouco vale enquanto compromisso. Vivenciar o aplauso como complemento natural de processos é um congraçamento. Esperar e lutar pelo aplauso, enquanto objetivo de se manter no topo das paradas, é a vida empenhada em função de compromissos e sucessos lucrativos. O aplauso é um apoio, ou um desafio, uma continuidade do expressar-s

Interrupção e violência

A meta não realizada, o empenho não concretizado cria uma interrupção que leva a fazer qualquer coisa para completá-lo. Defrontar-se com o incompleto geralmente cria motivação para a realização de tarefas interrompidas. Tudo que permanece não realizado, ou parcialmente realizado, se estabelece como incompleto. O que falta à sua realização decorre de interrupção. Situações interrompidas podem ser percebidas como tal quando existem propósitos. Tudo que é determinado para ser feito, ao não ser completado, cria interrupção. O propósito, desejo ou meta de realização cria uma idéia-fixa, um fanatismo responsável por violências e utilização de quaisquer meios para realizar o que se considera interrompido. Muitas situações interrompidas jamais são percebidas como tal, pois não criam referenciais de processos, e sim percepções de mera junção ou aglutinação ocasional. A continuidade de afetos e ligações amorosas, por exemplo, pode ser considerada nesses referenciais de interrupções

Um lugar ao sol

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Um lugar ao sol é o que geralmente se deseja, embora sempre se tenha esse lugar. Querer o destaque, o brilho, ser considerado é o que se almeja quando não há satisfação com os limites vivenciados. Somos criados, educados para “ser alguém”, para fazer diferença e significar, ultrapassando as dificuldades ou facilidades existentes. Famílias social e economicamente bem situadas desejam e se esforçam para que seus descendentes mantenham os padrões conseguidos. Famílias social e economicamente com fracos acessos e com decisões cooptadas lutam para que seus filhos sejam diferentes, para que consigam sobressair e atingir melhor situação. Esses desejos estabelecem metas, referenciais de futuro, que passam a ser os contextos estruturantes das motivações e dos desejos, das decisões e empreendimentos. Surgem os lutadores, os esforçados, os que tudo fazem para manter o patrimônio herdado, ou buscado, mesmo sacrificando as próprias vontades. Querer ser alguém é, implicitamente, admitir não se

Nostalgia

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Nada é perene, salvo o efêmero. Este aparente oximoro, este paradoxo neutralizado pela continuidade que quebra posicionamentos, é, frequentemente, vivenciado como totalidade nas situações de perda, luto, morte, doença. Os processos são caracterizados pela anomia. Quando se estabelece a generalização, os processos se perdem. Personalizar é, em certo sentido, segmentar. Ao criar posições, registramos fatos, funções, significados. As notas aciduladas, os sons ensurdecedores quebram a continuidade da harmonia, tanto quanto as definem. Os rastros vivenciais, significados pelas percepções e memórias, são, mais tarde, transferidos para o outro sob forma de registros: fatos, escritos, músicas, coisas criadas, fabricadas. Estes teares de realização ajudam a construir paisagens, referências. Percebé-los cria lembranças, tristezas, nostalgias, pois, pela insinuação mostram a evidência do outro: autores, participantes. Lembrar-se de si mesmo, assistir às mudanças e passagens signific