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Mostrando postagens de abril, 2012

Diálogos impossíveis

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Pensamento é um prolongamento da percepção. Quanto mais focado na solução dos próprios problemas, na realização das próprias metas, mais árduo se torna globalizar as relações, suas sutilezas e implicações. O indivíduo voltado para a necessidade de adquirir, de otimizar os dados relacionais, não consegue acompanhar abstrações, conceitos, teorizações filosóficas ou psicológicas; tudo para ele tem que ser palpável, útil, operacional. Filosofar à partir do próprio contexto de vida, da própria realização de demandas é impossível. Reduzindo o geral ao específico se percebe parcializadamente. Esta pontualização cria mesmices, tautologias, desconfianças, e raivas. Muitos dos ditos " complexos de inferioridade " se originam disto: não consegue compreender, não consegue acompanhar o raciocínio, se sente humilhado, preterido. Outro dia li que alguém disse: " sou medíocre, o que estou fazendo no mundo? para quê vivo? " Era uma busca do sentido da vida estruturada

Mundo infantil - características relacionais

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Não existe um mundo infantil, não existe um mundo adolescente ou um mundo adulto, enfim, não existem tipos nem categorias para os processos relacionais. Influenciados pela psicologia do século XIX e pelos conceitos freudianos de desenvolvimento da sexualidade, desenvolvimento da libido (fase oral, anal, fálica e genital) extrapolou-se para pensar o que seria próprio e característico das idades, fases da vida, começando assim os padrões, as regras: mundo infantil, mundo feminino etc. Todo conhecimento é processo perceptivo. Quando percebemos que percebemos, categorizamos, sabemos que sabemos. Geralmente o chamado mundo infantil é descrito como cheio de brinquedos, cores e situações descomprometidas. Mas existem também crianças que trabalham, que dormem na rua, que não têm brinquedos. São crianças em um mundo não infantil, diriam. Não existe mundo infantil ou mundo adulto, o que existe são contextos onde as categorizações são estabelecidas a partir da realidade que se v

Simbioses doentias

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A bondade cruel, a simbiose doentia são oximoros e são também o que acontece em relações de dependência/cuidados obrigatórios, relações fundamentadas em não aceitação, relações que respondem a necessidades. Neste contexto, tudo pode acontecer, até 'dependentes' que agem como algozes e 'independentes' que se submetem. A dialética dos processos e dos relacionamentos nos mostra que todo apoio é opressor, que o que apoia, oprime. É físico, é espacial, é nítido que o que está seguro está apoiado. É fundamental para a continuidade do processo relacional humano - para o processo de ser no mundo - não estar seguro, não estar apoiado, não estar posicionado. Todo relacionamento gera posicionamentos, geradores de novos relacionamentos e assim infinitamente. Exercer esta dinâmica é fundamental para a existência de movimento, de reversibilidade perceptiva, para se perceber e perceber o outro sem os posicionamentos do autorreferenciamento ou da renúncia de si para cuidar do out

Molduras que ocultam

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O conceito corrente de que se tem neurose, de que a mesma é uma parte, um aspecto da pessoa engendra regras, normas e pseudo soluções. Sentindo-se com uma mancha - a problemática - que gera não aceitação, busca-se limpá-la, escondê-la atrás de uma marca, uma presença notável, afirmativa e de sucesso, poderosa e responsável. Uma série de ferramentas, de instrumentos se tornam necessários para esta afirmação social. Uns utilizam como senha a beleza, outros a inteligência, outros o dinheiro, outros o poder, e outros a tradição familiar; existem ainda as molduras institucionais, perfeitos salvaguardas do que se quer apresentar ou esconder. A moldura institucional, do emprego ao casamento, passando pelas sociedades beneficentes e recreativas, são fundamentais para a criação de imagens, de marca aceitável, de logotipo vitorioso. Ter dinheiro, ter poder é a varinha de condão, o instrumento mágico para abrir portas, para conseguir o que se deseja. É comum usar armaduras, fant