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Mostrando postagens de dezembro, 2014

Vínculos

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Tudo é relação e psicologicamente isso pode ser traduzido como estabelecimento de vínculos. Estar em relação é estar vinculado e quando ocorre em relação a A, deixa de ocorrer em relação a B. Não há sobreposição, ou sempre que tal pareça ocorrer, surgem fragmentações. Estar, por exemplo, em relação com uma pessoa ou situação, em função de outra, é uma transposição que desvincula, pois na sobreposição os elos se quebram. Quebrar e colar é uma constante quando o outro é percebido como objeto de desejo, como meta, como resultado de avaliação: tem a ver comigo, não tem a ver comigo, me é conveniente ou inconveniente etc. Quando digo que tudo é relação, que através da relação perceptiva se estruturam sujeito e objeto, tanto quanto se categorizam as dimensões temporal e espacial, estou afirmando que a percepção é o estrururante relacional. Ao perceber sou sujeito que percebe objetos; ao perceber que percebo sou objeto e o sujeito é a minha percepção. O perceber que percebe é o reconhec

Subterfúgios legitimados

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Cada vez é mais frequente e necessário estabelecer critérios e preferências através de situações validadoras. Isto permite operacionalização, escolhas e garantias. Em um sistema, em uma sociedade que privilegia resultados, inúmeros parâmetros são estabelecidos e essas bitolas permitem separar o adequado do inadequado, o útil do inútil. Valoriza-se títulos institucionalizados que garantem legitimidade de operação. Acontece que quando se arbitra o que é legítimo ou ilegítimo, nega-se processos, pois legítimo é o intrínseco, não pode ser padronizado, e quando o é, por meio de artifícios como as transformações ou as molduras adquiridas pela institucionalização, por exemplo, legitimidade se transforma em selo de garantia, consequentemente, em aderência padronizada e hierarquizadora. Fazer parte de uma instituição não garante ter condições nem habilidades para o que é construído e criado pela instituição. Instituições também sofrem desgastes em seus processos e quanto mais se firma

Impossibilidade do possível

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Perder a vez, não ter conseguido aproveitar o que foi possibilitado, gera constatação de incapacidade, entretanto, nem sempre isto é assim vivenciado. Frequentemente se atribui várias causas, explicações, que vão desde o azar até a interferência do outro pela inveja, etc, tanto quanto pode surgir culpa gerada por deslocamento de não aceitação, onde o indivíduo se sente incapaz, frustrado e prejudicado. Crítica, agressão, desespero, medo e ansiedade são resultantes deste processo de não aceitar perder a vez. O processo de não aceitação de si mesmo, cada vez mais, vai se estruturar em função do que foi perdido, não aproveitado, não recebido. Perder o “grande amor” por medo de enfrentar situações ou, em certas situações, não perceber que a mudança de cidade era o caminho para o enriquecimento em um novo emprego, cria frustrações, verdadeiros quistos esvaziadores de perspectivas e disponibilidade, de vivências de impossibilidade. Impossível é tudo que não foi percebido, que não foi

Lutas e acomodações

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Toda revolta, toda proposta de mudança, toda aceitação, enfim, qualquer comportamento está estruturado em um contexto à partir do qual as situações são percebidas. Perceber o que acontece, perceber o que se deseja, tanto quanto perceber qualquer coisa, implica em um Fundo, em um contexto estruturante * . Neste sentido, as motivações individuais criam as diferenças e tonalizam os graus de firmeza ou fraqueza nas adesões, nas ações reivindicatórias. Tomemos como exemplo os movimentos grevistas: médicos em greve, todos reivindicam melhoria de condições de trabalho e salário, mas com contextos e atitudes individuais diferentes, que vão da acomodação à revolta, atitudes estas, que determinam cooptação ou oposição. As reivindicações sempre estão comprometidas com a divisão do contexto, com as pressões do que apoia/oprime. O patrão que explora é o mesmo que sustenta, a família que apoia é a mesma que limita e assim por diante. Nestes contextos, a flexibilização, a contemporização sã