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Mostrando postagens de janeiro, 2019

Relativismo sem fulcro

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Coerência e lógica são parâmetros produtivos para se estabelecer critérios, consequentemente, comportamentos. Quando tudo é feito por ser necessário ou por se desejar, a circunstancialização dos atos, dos comportamentos cria verdadeiros comprometimentos, anula possibilidades e converge tudo a atos aleatórios nos quais apenas se exercem vontades pessoais, desejos autorreferenciados. Qualquer comportamento do indivíduo expressa suas fragmentações, divisões, circunstâncias ou sua unidade. Quanto maior a fragmentação, maior o descontínuo, o desconexo. Tudo se relaciona a tudo e tudo está disperso, perdido. Os polarizantes que situam podem estar no mesmo plano dos que fragmentam. Quando tal acontece, isso é mais um fragmentador. Querer sempre ser o melhor, o mais lúcido, ter a verdade e determinar o certo e o errado, é uma maneira de fragmentar, de discriminar, pois tudo é referenciado no certo/no errado, para o bem/para o mal, do próprio indivíduo. A existência do prévio, a próp

Afetos alugados - Filhos e parentes

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Em um primeiro instante fiquei estarrecida com a reportagem da Revista Piauí “Teatro Familiar Alugar Parentes é um Negócio que Floresce no Japão",  mas logo depois percebi a obviedade e banalidade da situação. Essa situação é banal e óbvia do ponto de vista das trajetórias do capitalismo de mercado, no qual tudo é produto que pode ser consumido, mas é avassaladora enquanto despersonalização e redução da individualidade à condição de mera função representativa de seus pilares institucionais e afetivos. Sentir falta de um companheiro que morre, e alugar, de uma firma que trabalha nesse negócio, uma pessoa que decora um script , aprende hábitos e atitudes para ocupar o vazio da carência deixada pelo companheiro que morreu, é, no mínimo, revelador de compromissos e conveniências. Nos atuais sistemas político-econômico-sociais tudo pode ser significado pela representatividade, nesse sentido, tudo fica reduzido à funcionalidade. Funcionar é estabelecer satisfação, é pr

Montagens e despistes

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As aparências enganam desde que elas são construídas. Acontece que tudo é construído, até mesmo o natural. A questão não é o resultado, é o ato, a atitude. Quando se manipula a realidade é sempre buscando objetivos criados pela não aceitação dos limites e de si mesmo. A construção da aparência é a mentira, a falsidade que propicia vantagens, mas que desvitaliza, fragmenta e desumaniza. Ser o que se é, é a única dinâmica que permite transformação. Ampliar o real, considerar e avaliar como ele será percebido, estabelece variação, aparência. Saber que se é considerado, assim como ser tratado bem quando se é educado, bem vestido e simpático, reforça a busca para realizar essas ações, para conseguir aparências que levam a esses efeitos. Quando se faz isso é como se fosse criador do desejado. Acontece que enganar já é deslocamento de tensões, de impotência e desejos a realizar. Vale reproduzir a história de Prometeu e seu confronto, sua tentativa de burlar Zeus - o deus -,

Reflexo no espelho - despersonalização, descoberta

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No espelho o outro sou eu, ou, no espelho me vejo e percebo. O reflexo é uma perspectiva que permite encontro e descoberta. Descoberta de quê? Do espelho? Do semelhante? Do outro? De mim? A depender da resposta encontramos diversos temas e problematizações. Quando me vejo no espelho, ou qualquer superfície que reflete, Narciso se impõe, padrões ou rejeições aparecem. Se espelho for a resposta, o mundo da física nos invade, a questão da luz, da superfície polida, inversões e artefatos, tecnologias são as perspectivas. Pensar no semelhante, no outro como idêntico ou diferente nos leva também a outras considerações. Abordagens biológicas melhoram as divergências da vivência com o outro, com o diferente ou igual, a depender de suas sincronias culturais. Quando o reflexo no espelho nos traz revelações, quando vemos que estamos olhando, quando percebemos que percebemos, surgem constatações, reflexões, perspectivas psicológicas, pensamentos. Eu sou o outro, o outro é o igual,

Esforço

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Olhar em volta e se sentir inferiorizado e estigmatizado provoca medo, revolta, não aceitação e também pode criar determinação para mudar esse estado de inferioridade e de submissão. Há um erro inicial, há uma distorção que tudo compromete. O sentir-se inferior e estigmatizado já decorre de avaliação, ou seja, da introdução de valores estabelecidos pelo outro - família, sociedade - que são percebidos como parâmetros, padrões, critérios, espelhos nos quais se olha, se contempla, se percebe e vê a não correspondência com o que é considerado bom, valorizado e válido naquela família, naquela sociedade e por seus semelhantes. Viver em função dessas regras e avaliação, desses critérios, e com eles dialogar, é se transformar em objeto. Essa metamorfose cria rigidez, endurecimento, posicionamento. O indivíduo vira objeto, é despersonalizado em função do que vai realizá-lo, dinamizá-lo, enriquecê-lo. É o vazio, é a construção de metas e objetivos a fim de “ virar gente ”, de si