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Mostrando postagens de junho, 2022

Ignorância

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  Não conhecer, não discriminar, ou seja, a ignorância é a responsável pelo posicionamento. Isolar-se nos próprios referenciais e traduzir o mundo a partir dos mesmos é falar uma língua, desenhar direções, estabelecer critérios impossíveis de compartilhamento. Posicionado em seus referenciais e critérios o ser humano se isola e então precisa estar sempre pendurado em redes que o identifiquem e protejam. Desse modo ele é um apoiador ou um contraditor. Ele é rótulo, e também rotulado. É vítima e é agente. Não conhecer resulta de não questionar, não ampliar referenciais e assim só se pode viver em locais conhecidos, determinados e rotulados. O ignorante é o que se candidata às aflições e desespero humano que vemos no auto-sacrifício, no egoísmo, no apego, no poder e sucesso, na aversão e no medo da morte. Ignorante é o que não se percebe como ser humano com possibilidades e necessidades. Ignorante é o que acha que ao satisfazer as próprias necessidades tudo estará resolvido, isto é, se re

O medo da morte

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  Ao antecipar o futuro, ao continuar as implicações do que ocorre caminha-se para abismos, pois não há terra onde caminhar. No seu processo de vida o indivíduo descobre que existem finais. A morte, o cessar da vida é um desses finais comuns a todos os humanos. Esse conhecimento é tão simples e completo quanto saber que se é um corpo, um organismo constituído de células, tecidos, órgãos, que se mora em uma cidade, que se tem uma família. É uma informação, um referencial. Certos acontecimentos, e o passar do tempo, tornam relevante e pregnante a constituição finita do humano. A dramaticidade ou não dessa pregnância depende de quem, como e quando é vivenciada. Os limites, a doença, a idade, a época, a pandemia, a guerra, tornam muito próximo esse referencial, sempre percebido como condição humana, embora distante. Quanto mais próxima a possibilidade de morrer, maior a aceitação ou a não aceitação, menor ou maior o medo da morte. A morte quando vista como decorrência do processo de vida,

Aversão

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  Toda vez que alguma coisa ou alguém é excluído de uma situação ou sistema podemos dizer que a aversão, o não suportar, o detestar, o não querer conviver com aquela pessoa ou situação foram os responsáveis pelo comportamento de exclusão. De uma maneira geral podemos resumir a aversão em dois grandes grupos: as resultantes dos a priori ou preconceitos, e as resultantes de dor, sensação intolerável. Os preconceitos existem nas diversas culturas e sociedades e criam comportamentos de aversão: evitar o diferente (etnia, posição profissional, posição social e econômica); a discriminação aos fisicamente deficientes (lesados ou portadores de comprometimento francamente visíveis , assim como os que não são considerados belos, bem vestidos); e acontece também evitar o familiar, pois o mesmo pode desmascarar projetos, pode saber "o caminho das pedras" e assim pôr tudo a perder. É comum o novo rico odiar encontrar os vizinhos da comunidade onde passou a infância. É comovente ver o dese

Perdido em função das circunstâncias

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  Quando o indivíduo se define e situa pelo que o apoia, sustenta, anima e satisfaz, ele se contingencia. Estar em função das circunstâncias, variando segundo flutuações obriga a ter barcos, bússolas e outros instrumentos para estabilizar o percurso. Não se bastar, estar definido pela família, pelo dinheiro, pelas instituições religiosas, acadêmicas e outras que o abrigam e molduram é sempre despersonalizador. Não se sabe como viver sem ajuda financeira da família, não sabe como abrir mão do caudal de benesses conseguidas via universidades, organizações partidárias, comissões de cargos vitalícios etc. A dependência é uma constante na vida desses guardiões de vantagens e conveniências. Pensões sempre transferidas, cargos que se perpetuam, "golpes de baú", benefícios conferidos pela instrumentalização da beleza, ou da inteligência criadora de diferenciais, mesmo que engolidos por sistemas comercializadores, tudo isso é sempre valorizado quando há apego ao que propicia as conven

Egoísmo - tudo em volta de si mesmo

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Quando o indivíduo se coloca em destaque cria posicionamentos. Esse destaque pode ser de vítima ou de opressor, mas é sempre o de ponto de confluência, encontro de variáveis configuradoras de processos. Estar posicionado é manter-se no pódio vitorioso ou na depressão engolidora que foi para ele construída, ou que ele construiu ou escavou. Estar parado - a negação da dinâmica, o posicionamento - é neutralizador de processos. Tudo ocorre e o lugar da vitória ou do fracasso é mantido. Os que se sentem vitoriosos, e também os que se sentem desesperados, os que se sentem perdidos têm lugares cativos e fazem qualquer coisa para mantê-los. Para um indivíduo assim, a vida é considerada difícil, tudo é perigoso de adquirir, perigoso de perder, ele tem que se posicionar e então garantir o conquistado, ou perceber que o que quer não pode ser conseguido. Resolve que é preciso ficar quieto em seu lugar para ver se alguma vantagem ou ajuda surgem.  Essa atitude de se colocar na confluência dos proce