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Mostrando postagens de setembro, 2023

Cortes arbitrários do que se vivenciou

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  Os processos estruturados pelas vivências de não aceitação sempre convergem para busca de resultados considerados positivos. Atingir o resultado positivo, evitar o negativo é se considerar e ser considerado vencedor ou vencedora. Buscar resultado é esvaziar cada vez mais as vivências, pois assim não existe continuidade, existem apenas pontos a atingir. A mecanização de processos é o tic-tac, o bate estacas esvaziador. Vive-se para conseguir, para ganhar, para realizar desejos. A vida passa descontínua. É o caminhar pela escuridão para tentar chegar à luz. Supostos paraísos, supostos oásis no deserto vivencial responsável pela estruturação de despersonalizados, robotizados pelo anseio de vitória, pelo medo de fracassar. O que se consegue? Empilhar propósitos realizados ou quase realizados. E isso é o significado das próprias vidas, é o propósito despropositado do existir. É a continuidade transformada em etapas - cortes arbitrários do que se vivenciou. É o vaz...

Certezas devastadoras e imobilizadoras

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  De repente fica claro como desfechos desagradáveis, uma morte ou a perda de uma gravidez, por exemplo, são vivenciados como inevitáveis. A vivência da impotência após a revelação, a descoberta do que se temia,   pode ser imobilizadora.   A certeza é sempre compacta, não deixa espaço para tentativas de mudança, entretanto, como se pode ter certeza do que não ocorreu? Como não se tentar mudar o curso do que pode ocorrer? Certas revelações quando feitas antecipam processos, estabelecendo também impotência. Nesse contexto, normalmente se pensa que não há o que fazer, não há o que tentar. As certezas antecipadas funcionam como: “se ficar o bicho come, se correr o bicho pega” . Não há tempo, não há espaço. Resta esquecer ou esperar.   Quando o que era antecipado ocorre, a impotência permanece, e às vezes é substituída por culpa, que é a tampa da impotência. A omissão em relação ao outro, em relação aos processos que estão ocorrendo é responsá...

Novos aspectos da Inteligência Artificial

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  O outro não é mais meu semelhante * Nestes últimos meses temos sido invadidos por reportagens, lives , debates e artigos sobre inteligência artificial (IA). Tornando-se um dos temas mais importantes de 2023, a questão da inteligência artificial é assunto diário. Como sempre, o maniqueísmo, a polarização impera nos debates. Para muitos, falar de IA é falar dos males que ela ocasionará em futuro próximo, como o desemprego, as ameaças e os erros de programação; para outros é a redenção da humanidade, pois a IA realizará o trabalho difícil, e além disso, as minúcias impossíveis de alcançar e operar serão resolvidas ou possibilitadas com IAs melhorando diagnósticos médicos e associações de dados em pesquisas científicas, por exemplo.   Sempre antropomorfizada, a inteligência artificial é vista como amiga ou como inimiga... mas, o mais preocupante é ser antropomorfizada. Esse virar pessoa, ser constituída como pessoa é quase uma desistência nossa de nossa humanidade. Imagina...

Recuperação do perdido

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Recuperar o perdido é tarefa hercúlea. É o desespero mágico de ultrapassar limites: tempo e espaço. É negação do que ocorre quando o ocorrido não satisfaz desejos. A atitude de negar evidência é um dos sintomas típicos de onipotência, de achar que pode tudo e que sempre tem razão. É se sentir o Alfa e Ômega dos processos, enfocando todos os esclarecimentos e contradições dos mesmos na própria tutela, é aquele que explicita constantemente: “tenho razão, sei das coisas, não erro” . Essa atitude onipotente cria deuses, deusas, demiurgos que tudo podem, usando manipulação, esquecimentos e os mais diversos ardis que solapam o acontecido, inventam realidades, empenhando-se para ganhar lutas e recuperar perdas. Não aceitam fracassos, derrotas escolares e públicas, separam e superam amores, criam personagens quixotescos e desesperados, raivosos e tristes. Iludidos, eles não inventam moinhos de vento, mas negam as pedras do caminho, dizem que as mesmas foram colocadas par...